O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência na Câmara dos Deputados: BC melhorou projeção para a economia brasileira.| Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
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O Banco Central elevou a projeção de crescimento da economia brasileira em 2023: ela passou de 2% para 2,9%. A informação consta no Relatório de Inflação divulgado na manhã desta quinta-feira (28). O valor está próximo da mediana (ponto médio) das expectativas do mercado financeiro, divulgadas na segunda (25), no relatório Focus (2,92%).

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Uma surpresa positiva foi a principal responsável pela revisão nas expectativas: o bom desempenho do PIB no segundo trimestre, que cresceu 0,9% em relação ao primeiro. Também refletem a mudança as previsões ligeiramente mais favoráveis para a evolução da indústria, dos serviços e do consumo das famílias no segundo semestre.

A estimativa para o crescimento da agropecuária em 2023 passou de 10% para 13%. Isso reflete a melhoria nas projeções do IBGE para a produção agrícola, especialmente de soja, milho e cana de açúcar, bem como uma expansão no abate de animais no primeiro semestre maior do que o esperado.

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Apesar da contribuição positiva para o resultado do PIB no ano, o setor deve impactar negativamente para as variações trimestrais ao longo do segundo semestre, uma vez que a maior parte da colheita dos produtos com os maiores crescimentos aconteceu na primeira metade do ano.

A previsão de crescimento para a indústria foi alterada de 0,7% para 2%, com melhorias nas expectativas para a construção, "produção e distribuição de eletricidade, gás e água" e a indústria extrativa. Houve uma significativa revisão do prognóstico para o crescimento da produção de minério de ferro e de petróleo na primeira metade do ano.

A projeção para o setor de serviços aumentou de 1,6% para 2,1%, com melhora em todas as atividades, exceto o comércio.

Na demanda doméstica, melhoraram as previsões para o consumo das famílias e do governo. A expectativa é de recuo na formação bruta de capital fixo (FBCF), que é como os economistas chamam o investimento produtivo.

A elevação da renda disponível das famílias no segundo trimestre, decorrente do crescimento nos rendimentos do trabalho e de benefícios sociais, bem como o recuo na taxa de poupança das famílias, favoreceram uma alta expressiva do consumo no segundo trimestre (0,9%).

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A expectativa é de moderação no ritmo do crescimento da renda das famílias nos próximos trimestres. O motivo é a menor contribuição de benefícios sociais. "Adicionalmente, os pagamentos líquidos das famílias às instituições financeiras têm aumentado e os níveis de endividamento e comprometimento da renda continuam elevados. Diante desse cenário, espera-se que o consumo das famílias continue avançando no segundo semestre", informa a publicação.

O Relatório de Inflação do BC também aponta que o consumo do governo foi mais alto do que o previsto anteriormente, motivando a elevação na projeção de crescimento anual.

A previsão para a variação anual do FBCF foi reduzida de -1,8% para -2,2%, refletindo o resultado abaixo do esperado no segundo trimestre, sob a influência do recuo acentuado na produção de bens de capital: -10,8% nos sete primeiros meses do ano em comparação a igual período de 2022, segundo dados do IBGE.