O Banco Central baixou nesta terça-feira (22) a sua previsão para o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, ou seja, dos recursos que entram no país para financiar a produção, de US$ 45 bilhões para US$ 38 bilhões em 2010.

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"Tínhamos uma perspectiva bastante positiva quando projetamos os investimentos diretos da primeira vez [no início deste ano].Estamos revisando para baixo justamente por força de uma retomada menos intensa do que esperávamos para a economia mundial", informou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Ao mesmo tempo, a sua estimativa para o déficit em conta corrente, um dos principais indicadores das contas externas brasileiras, foi mantido em US$ 49 bilhões. Se confirmado, este será o maior déficit desde 1947 para um ano fechado. Até o momento, o maior déficit em conta corrente foi registrado em 1998 (US$ 33,4 bilhões), de acordo com o BC.

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Em 2009, o resultado negativo da conta de transações correntes somou US$ 24,3 bilhões, conforme a autoridade monetária. A expectativa do BC, portanto, é de que o déficit apresentado nas contas externas dobre em 2010. Na proporção com o PIB, porém, o resultado estimado para 2010 pelo BC é de 2,49% do PIB. Ainda ficaria abaixo de períodos de crise, como em 1982, quando chegou a 6% do PIB, ou em 1999, período da maxidesvalorização cambial, quando ficou em 4,32% do PIB.

Piora nas condições de financiamento

Com a queda de US$ 7 bilhões na expectativa do BC de entrada de investimentos estrangeiros diretos no país neste ano, para US$ 38 bilhões, pioraram as condições de financiamento do déficit das contas externas (estimado em US$ 49 bilhões), uma vez que o país precisará se apoiar mais na entrada de capitais para aplicações financeiras (renda fixa e bolsa de valores), considerados mais instáveis, pois podem sair a qualquer momento, para fechar a conta.

A previsão de ingresso de recursos no país nestas aplicações, para 2010, foi mantida em US$ 35 bilhões pelo BC. "Temos fontes de financiamento [do déficit em conta corrente] como investimentos diretos e em portfólio [aplicações financeiras]", disse Lopes. Ele acrescentou que as reservas internacionais, no patamar de US$ 250 bilhões, também proporcionam mais tranquilidade para as contas externas brasileiras.

Crescimento econômico

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A expectativa de deterioração das contas externas está relacionada com o crescimento da economia brasileira, que eleva a expectativa de importações e piora o resultado comercial em relação ao ano passado. A previsão de superávit da balança neste ano subiu de US$ 10 bilhões para US$ 13 bilhões. Em 2009, o superávit comercial somou US$ 25,34 bilhões.

O BC também estima uma elevação no volume de remessas de lucros e dividendos das empresas ao exterior. Para este ano, a previsão do BC de remessas de lucros foi mantida em US$ 32 bilhões. No ano passado, totalizaram US$ 25,1 bilhões.

Outro efeito é o aumento dos gastos de turistas brasileiros no exterior, fator que também piora as contas externas. A previsão do BC de resultado negativo neste segmento subiu de US$ 7,5 bilhões para US$ 8 bilhões.

Janeiro a maio

De janeiro a maio deste ano, o Banco Central informou que o déficit da conta de transações correntes (balança comercial, serviços e rendas) somou US$ 18,74 bilhões, o que representa um crescimento de 183% frente ao mesmo período de 2009 (resultado negativo de US$ 6,6 bilhões).

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No caso dos investimentos estrangeiros diretos, o ingresso somou US$ 11,41 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano. Com isso, ficou praticamente estável em relação ao mesmo período de 2009, quando foi contabilizada a entrada de US$ 11,23 bilhões em investimento estrangeiros diretos no Brasil.