Brasilienses lideram o ranking do endividamento no Brasil e, na média, devem R$ 7.538 aos bancos. O valor é sete vezes maior que o visto entre os cearenses, os menos endividados, com R$ 1.035.
Dados do Banco Central mostram que cada brasileiro tem, atualmente, média de R$ 2.732 em dívidas com os bancos. Estados do Nordeste e Norte têm desempenho inferior a esse valor, o que abre frente de novas oportunidades para a expansão do crédito.
Dados regionais do Sistema de Informações de Crédito (SCR), banco de dados sobre empréstimos superiores a R$ 5 mil de famílias e empresas, mostram que os maiores endividados do Brasil moram no Centro-Oeste. Depois de Brasília, habitantes do Mato Grosso (com R$ 5.396) e Mato Grosso do Sul (R$ 4.301) têm os maiores compromissos com os bancos.
Na capital federal, o valor elevado é explicado pelos altos salários do serviço público, o que permite maior exposição às dívidas. Nos outros dois Estados, muitas famílias tomam crédito nos bancos para atividades rurais sem usar operações para pessoas jurídicas, o que acaba inflando os números. Na maior economia brasileira, o Estado de São Paulo, a dívida média é de R$ 3.661, acima do patamar nacional.
Mas o que mais chama atenção no ranking do BC é o baixo endividamento das famílias nordestinas. No final da lista, estão Estados importantes, como o Ceará - o último da lista, Bahia (R$ 1.259) e Pernambuco (R$ 1.327).
"O número mostra que, apesar do crescimento recente dos empréstimos nessas regiões, os bancos ainda têm um grande mercado a explorar", diz o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida. Segundo ele, o principal problema para a chamada "bancarização", que é o acesso aos serviços bancários, é a falta de formalização da economia nordestina.
Dados da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) mostram que há uma agência bancária para cada 18,3 mil habitantes no Norte e 18,5 mil moradores no Nordeste. No Sudeste, a média é de uma agência a cada 6,7 mil habitantes e no Sul, 6,9 mil. O professor de finanças é otimista e acredita que o recente desenvolvimento econômico da região vai alavancar o emprego formal, o que abrirá novas frentes para os bancos na região.