O Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio nesta sexta-feira e anunciou um leilão de compra de dólares a termo, confirmando expectativas que já circulavam há dias entre os agentes econômicos sobre uma possível intervenção em meio à recente série de quedas do dólar.
A data de liquidação será em 20 de março de 2012. É a primeira intervenção da autoridade monetária no mercado de câmbio neste ano e a primeira operação desse tipo desde 26 de julho de 2011, quando o dólar rondava 1,55 dólar.
O anúncio da operação levou a moeda norte-americana a reverter a queda e passar a operar em alta, batendo na máxima de 1,7291 real. Dados melhores que o esperado sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos chegaram a colocar a moeda novamente em território negativo, mas o movimento teve vida curta, mostrando volatilidade.
Às 12h10 (horário de Brasília), o dólar caía levemente 0,02 por cento, para 1,7215 real na venda. Mais cedo, a taxa de câmbio chegou a cair a uma mínima de 1,7169 real.
O leilão de compra de dólares a termo é semelhante ao leilão de compra de moeda no mercado à vista. A diferença se dá na data de liquidação: as compras a termo têm liquidação futura, definida no momento do anúncio, enquanto as aquisições à vista são liquidadas em dois dias úteis (D+2).
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, considerou que uma intervenção do BC já era esperada, e que a autoridade monetária pode atuar de forma mais agressiva caso considere necessário".
"O BC vai querer defender a linha de 1,70 (real), e acho que se esse leilão não surtir o efeito desejado, (o BC) vai fazer um (swap) reverso ou comprar dólar à vista", afirmou.
Galhardo ponderou, contudo, que o BC terá de ser um "comprador ousado", uma vez que a tendência do dólar ainda é de queda, refletindo perspectivas de mais ingressos de recursos externos ao país e a melhora no quadro internacional.
Desde o início do ano, o dólar já caiu cerca de 7,6 por cento. O fluxo cambial ao país está positivo em 6,501 bilhões de dólares nas quatro primeiras semanas de janeiro, sustentado praticamente pelo fluxo financeiro.
Operadores já vinham notando importantes ingressos de recursos ao longo de janeiro, oriundos principalmente de uma série de captações externas anunciadas por empresas brasileiras, iniciadas após o próprio governo fazer uma emissão internacional no início do mês passado.
A última grande captação corporativa foi anunciada pela Petrobras, que lançou 7 bilhões de dólares em bônus no exterior nesta quarta-feira.
Ao longo de janeiro, Bradesco, Banco do Brasil, Vale, CSN e Braskem também tomaram recursos no mercado internacional, além do próprio Tesouro Nacional.