As compras de dólares efetuadas pelo Banco Central no mercado à vista somaram US$ 41,4 bilhões em todo ano passado, informou nesta quarta-feira (5) o Banco Central.

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Com isso, as aquisições de divisas foram as maiores desde 2007, quando a instituição adquiriu US$ 78,5 bilhões no mercado de câmbio, e foram, também, as segundas mais elevadas desde 2004 - quando a autoridade monetária iniciou o processo de compras de dólares no mercado à vista para recompor as reservas cambiais.

Em 2004, o BC adquiriu US$ 5,2 bilhões e, em 2005, outros US$ 21,5 bilhões. No ano de 2006, as compras somaram US$ 37,2 bilhões e, em 2007, bateram recorde ao totalizar US$ 78,5 bilhões. Em 2008, o BC adquiriu US$ 7,5 bilhões e, no ano de 2009, comprou mais US$ 24 bilhões.

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Desde que o processo de recomposição de reservas começou em 2004, portanto, a autoridade monetária já adquiriu US$ 215,3 bilhões no mercado à vista de câmbio.

Ingresso de recursos no Brasil

As compras de dólares pela autoridade monetária estão relacionadas com o volume de ingresso de recursos no país. No ano passado, US$ 24,3 bilhões ingressaram na economia brasileira. Os dados mostram, portanto, que o Banco Central comprou divisas acima do volume de entrada de dólares no país. Um fator que atraiu dólares para a economia no ano passado, em setembro e outubro, foi o processo de capitalização da Petrobras - que trouxe um grande volume de aplicações estrangeiras para o Brasil.

Impacto nas reservas internacionaisAs compras de dólares efetuadas pela autoridade monetária vão para as reservas internacionais brasileiras, que terminaram o ano passado em US$ 288,5 bilhões. Isso representa um aumento de US$ 49,5 bilhões frente ao fechamento de 2009.

Além das compras do BC, as reservas também crescem por conta de emissões de títulos da dívida pública, que são comprados pelos investidores e cujo pagamento é depositado nas reservas, ou devido à remuneração das aplicações que são feitas com estes recursos - a maior parte em títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

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A vantagem de ter dólares em caixa é que isso dá garantias contra eventuais crises no mercado internacional, como a da Rússia, em 1998, e a crise financeira que atingiu a economia internacional no ano passado, momento no qual o BC usou recursos das reservas cambiais para oferecer empréstimos ao setor produtivo após o fechamento de linhas externas de crédito.

Economistas, no entanto, chamam a atenção para a compra de dólares. Isso por que, cada vez que o governo compra divisas, paga em real e, com isso, aumenta a dívida interna. Ao mesmo tempo, também tem de pagar mais juros, uma vez que as taxas oferecidas no mercado interno são mais altas do que no exterior. É o chamado "custo de carregamento" das reservas, que teria atingido, segundo cálculos de economistas, um valor ao redor de US$ 24 bilhões no ano passado.