O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou nesta quarta-feira (29) a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual para 7 5% ao ano. Foi o nono corte consecutivo na taxa básica de juros, que se encontra no menor patamar da história. A decisão confirmou a previsão da ampla maioria dos analistas financeiros. De acordo com levantamento do AE Projeções, serviço da Agência Estado, de 81 instituições financeiras consultadas, 80 esperavam uma queda de 0,5 ponto porcentual e uma apostava em redução de 0,25 ponto.
De acordo com nota divulgada logo depois do fim da sexta reunião do Copom no ano, os diretores do BC optaram por manter a política de afrouxamento do processo monetário. A decisão foi por unanimidade, sem viés não pode mudar nos próximos 45 dias. O Copom diz que: "considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar a um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia".
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 9 e 10 de outubro. A ata da reunião desta quarta será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 6 de setembro.
Juro real e poupança
Com a nova redução, o Brasil ocupa a quinta posição entre os países com os maiores juros reais (taxa que desconta a inflação) do mundo. De janeiro de 2010 até março deste ano, o país se manteve no topo desta lista. Agora, a China encabeça o ranking com juros reais de 4,1%, enquanto a taxa no Brasil baixou para os atuais 1,8%. O segundo colocado é o Chile (2,4%), seguido por Austrália e Rússia (ambas com 2,3%).
A medida do Copom também terá reflexos na poupança. O rendimento da aplicação cai a partir desta quinta (30) devido a nova regra para o investimento, anunciada no dia 4 de maio. Com a Selic a 7,5%, a poupança terá rendimento de 5,25% ao ano mais a TR. Ou seja, uma poupança de R$ 10 mil renderia, pelo menos, R$ 525 após 12 meses. Para depósitos antigos (feitos até dia 3 de maio) nada muda, ou seja, o rendimento continua sendo de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais a TR. O mesmo ocorre para novos depósitos quando a Selic for superior a 8,5%.
Repercussão
O setor industrial elogiou a redução dos juros, mas disse que a medida ainda é insuficiente para estimular a produção no país. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou, em nota, que a economia brasileira ainda não conseguiu retomar o ritmo de crescimento e as previsões são de que os efeitos da desaceleração se prolonguem além do inicialmente esperado. "O segundo semestre está em curso, mas as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano estão abaixo dos 2%", destaca a CNI.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) diz que os juros em 7,5% não são suficientes para garantir a retomada do crescimento. "Reconhecemos a importância da nona queda consecutiva da taxa Selic, em um ano, mas já estamos no segundo semestre e os efeitos na demora em reduzir os juros mais rapidamente estão batendo na nossa porta", diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo declarou que o barateamento do crédito torna mais fácil a entrada do Brasil em um novo ciclo de recuperação econômica, gera mais empregos e torna mais fácil a negociação por melhores condições de trabalho e salários. "O governo deve continuar a praticar esta política de redução da Taxa Selic", informou o sindicato.
Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), a redução dos juros precisa também se refletir nos juros dos bancos. "Essa tendência consistente de queda nos últimos meses precisa ser acompanhada por drástico corte dos juros praticados pelos bancos no crédito a pessoas físicas e jurídicas".
Por outro lado, o Bradescoanunciou uma nova rodada de redução das taxas de juros de várias modalidades de crédito com a redução da taxa de juros. Para os clientes pessoa física, a taxa de juros mínima do Crédito Pessoal, foi reduzida de 1,89% para 1,85% ao mês. Na modalidade CDC Veículos, a taxa mínima foi reduzida de 0 89% para 0,85% ao mês, e a máxima de 2,87% para 2,83% ao mês.