O banco central da África do Sul elevou nesta quarta-feira (29) sua taxa de juros de 5% para 5,5%, em consonância com tentativas da Turquia e de outros emergentes de sustentar suas moedas. No caso do país africano, é a primeira alta em seis anos. "A expectativa é que as pressões da taxa cambial se intensifiquem conforme os mercados se ajustam ao novo padrão global dos fluxos de capital", disse o presidente do BC sul-africano, Gill Marcus, em entrevista à imprensa. "A principal responsabilidade do banco é manter a inflação sob controle e garantir que as expectativas de inflação permaneçam bem ancoradas."
Marcus disse que a decisão não foi influenciada pela forte elevação dos juros promovida pela Turquia e não tem o objetivo de afetar a taxa de câmbio.A decisão ocorre, no entanto, no momento em que o rand, a moeda sul-afriacana, caminha a menor cotação em 5 anos durante um movimento de vendas nos mercados emergentes que começou na semana passada.
Influência Turca
A decisão da Turquia de elevar os juros colocou pressão sobre o BC da África do Sul para que apertasse a política, já que os ativos de mercados emergentes estão sendo afetados por preocupações em torno da redução do estímulo dos Estados Unidos, grandes déficits de conta corrente e, no caso da Turquia, preocupações políticas.Entretanto, a alta levanta o risco de afetar a lenta expansão econômica sul-africana e causar tensões com o partido Congresso Nacional Africano e o presidente Jacob Zuma, que enfrenta uma eleição em três meses, em meio a desemprego crônico e agitações sociais.
Outras Altas
Turquia e Índia também elevaram suas taxas de juros nesta semana. A economia turca que, ao lado da argentina, parecer ser a mais fragilizada pela fuga de investimentos, subiu suas duas principais taxas de juros: de 4,5% ao ano para 10% ao ano e de 7,75% ao ano para 12% ao ano.A moeda do país está perto de seu menor nível histórico, acumulando uma queda de 5% ao ano.
Também terça-feira (28), a Índia elevou inesperadamente para 8% ao ano a taxa de juros para frear a inflação, afirmando que agora está melhor preparada para lidar com o risco de grandes saídas de capital.
Ambiente
Apesar das medidas tomadas na terça-feira, o ambiente passou longe da tranquilidade. A confiança no retorno financeiro de países como o Brasil permaneceu abalada por dúvidas quanto aos próximos passos do programa de redução de estímulos econômicos dos EUA pelo Fed (BC do país). Na terça, das 24 moedas emergentes mais negociadas, 17 tiveram alta em relação ao dólar e 7 caíram. A maior queda foi a do real (0,25%).
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