O Banco Central decretou nesta sexta-feira (19) intervenção no banco BVA, especializado em crédito para companhias de médio porte, citando comprometimento da situação econômico-financeira da instituição. Em comunicado, a autoridade monetária afirma que foram detectadas "graves violações às normas legais" e "descumprimento de normas que disciplinam a atividade da instituição". "O Banco Central está tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais de supervisão do sistema financeiro. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis", informou, em nota, o BC.

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Segundo o BC, o BVA, controlado por José Augusto dos Santos e pelo financista Ivo Lodo, detém 0,17% dos ativos do sistema financeiro nacional e 0,24% dos depósitos. A instituição possui sete agências nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

Com a intervenção, os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição ficam indisponíveis. Os controladores diretos são as empresas Vila Velha Empreendimentos, V55 Empreendimentos e Vilaflor Participações. O controlador indireto é José Augusto Ferreira dos Santos.

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Os ex-administradores membros do conselho de administração são: Ana Paula Peixoto da Silva, Benedito Ivo Lodo Filho, David Barioni Neto, Fabio Augusto Guimarães Ferreira dos Santos, José Augusto Ferreira dos Santos, José Roldão de Almeida Souza, Luiz Rodolfo Palmeira Vasconcellos e Wagner Braz. Há ainda outros nove ex-administradores membros da diretoria listados pelo BC.

Para interventor na instituição, o Banco Central nomeou Eduardo Félix Bianchini.

Expansão de ativos

O BVA teve em 2011 um crescimento de 33% nos ativos totais, para 6,7 bilhões de reais. O crédito correspondia a 67% do total. Os ativos de pequenos e médios bancos no Brasil triplicou desde 2006, ao custo de erosão da solvência em alguns casos. Com a demanda por empréstimos forte, essas instituições menores embarcaram em ambiciosos planos de crescimento --a causa da atual falta de capital, segundo analistas. "O banco BVA tinha uma estratégia de crescimento com bastante alavancagem. Ele cresceu muito intensamente nos últimos anos, fez muita cessão de carteira de crédito. Mas, ao não aumentar as provisões, criou uma situação de mal estar em relação à imagem e solidez", disse o analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating. "Há 10 meses eles não apresentam balanços. Um banco que demora 10 meses para apresentar balanços gera muita desconfiança", acrescentou. O último demonstrativo de resultado do BVA disponível é referente a 2011. A fonte da equipe econômica disse que entre os ajustes necessários no balanço do BVA estão a reversão de um patrimônio negativo de 580 milhões de reais e o reenquadramento do patrimônio de referência, totalizando a necessidade de aporte de 1 bilhão de reais. O BC nomeou o servidor Eduardo Félix Bianchini como interventor do BVA, que terá prazo de 60 dias para apresentar um relatório sobre a situação contábil do banco.

Banco Cruzeiro do Sul A intervenção foi decretada pouco depois do anúncio da liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul e Prosper, em 14 de setembro, que estavam sob administração do BC desde junho.

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