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Consumo

BC: demanda é fator predominante no risco da inflação

Apesar da desaceleração do crescimento da economia mundial, o Banco Central (BC) avaliou que as pressões de demanda seguem com impacto relevante na inflação. "O BC avalia que o ritmo de expansão da demanda doméstica continua sendo fator predominante no balanço de riscos para a dinâmica inflacionária", diz o BC no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta segunda-feira (29).

De acordo com o BC, mesmo com a deterioração das perspectivas de crescimento da economia global desde a publicação do último relatório, em junho, o dinamismo da demanda doméstica deverá continuar, com alguma moderação, ao longo dos próximos trimestres, sendo favorecido pelos diversos fatores de sustentação que ainda atuam sobre a atividade econômica, como a expansão do crédito, do emprego e das transferências governamentais.

Na avaliação da autoridade monetária, nesse momento no qual o crescimento global arrefece com intensidade maior que a esperada meses atrás e em que as perspectivas de expansão da economia mundial continuam se deteriorando, o dinamismo do consumo privado vem contribuindo de forma importante para a sustentabilidade da demanda doméstica. "De fato, no primeiro semestre de 2008, o consumo das famílias aumentou 6,7% em relação ao mesmo período do ano passado", destaca o BC. Segundo o documento, esse desempenho robusto também pode ser observado dos dados referentes ao comércio varejista.

Oferta e demanda

O relatório de inflação destaca também a avaliação de que alta de inflação no Brasil deve-se, em grande parte, ao descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a oferta. Segundo o BC, esse descompasso ocorreu dentro de um contexto de pressões, em escala global, nos preços das matérias-primas (commodities) agrícolas, carne, leite e derivados, que começaram a subir com maior intensidade no ano passado.

O BC avalia ainda, no relatório, que a despeito do arrefecimento registrado nas últimas semanas, esses preços ainda se encontram em patamares historicamente elevados. Por trás desses aumentos, segundo o BC, encontram-se fatores estruturais, como a maior demanda, por parte de grandes países asiáticos, como China e Índia e o deslocamento da produção de algumas culturas como milho, em favor da produção de biocombustível.

Investimentos

De acordo com o relatório do BC, o nível de investimento na economia brasileira tem sido o componente "mais dinâmico" da demanda doméstica. Segundo trecho do documento, o "investimento reflete o aquecimento da atividade em ambiente de estabilidade econômica, a elevação da lucratividade das empresas, a redução do custo das importações e a melhora das condições de financiamento".

O BC lembra do aumento dos investimentos - medidos pela formação bruta de capital fixo (FBCF, que referem-se a investimentos) - de 10% em 2006 e 13,4% em 2007. Em termos reais, houve aumento do investimento de 17,5% no segundo trimestre de 2007 e 18,7% no segundo trimestre de 2008. O documento lembra que o patamar é o mais alto para todo o período da série histórica, iniciada em 2000. Segundo o relatório, "há evidências de que a expansão do crédito estaria ajudando a sustentar a expansão dos investimentos".

Outra fonte de aumento do investimento vem do "aprofundamento do processo de implementação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)". Segundo o relatório, isso deve "expandir os investimentos públicos em infra-estrutura".

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