São Paulo O mercado financeiro começou a semana em céu de brigadeiro. Com uma agenda fraca no Brasil e no exterior, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) não encontrou resistência para bater o 19.º recorde do ano e alcançar a máxima histórica de 52.423 pontos, com alta de 0,66%. No câmbio, o dólar rompeu a barreira dos R$ 1,95 e fechou no menor nível desde janeiro de 2001.
Segundo operadores, o Banco Central (BC) comprou cerca de US$ 700 milhões. O valor é menor do que a média diária das últimas semanas. Com isso, a moeda americana caiu 1,12%, para R$ 1,940. O risco Brasil terminou o dia em 142 pontos, com alta de 0,71%. De manhã, bateu a mínima de 138 pontos.
No câmbio, o forte recuo deveu-se especialmente à demora do BC para entrar no mercado, que desde o início da manhã já apresentava fortes variações por causa do fluxo positivo de moeda, afirmou o economista da MCM Consultores Antônio Madeira. O banco fez apenas um leilão próximo ao fechamento do mercado, às 15h45. O que não foi suficiente para conter a queda vigorosa da moeda. "A trajetória do dólar é declinante. A semana só deve ficar mais quente quinta e sexta-feira com a divulgação de dados americanos."
No mercado interno, o dado mais importante também sairá na quinta-feira, o IPCA-15, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas os analistas não esperam uma virada no mercado, já que a expectativa para os números é positiva. Na opinião do economista da GAP Asset Management Alexandre Maia, o momento exuberante da economia global se traduz em um ambiente de prosperidade e aumento do preço dos ativos.
"A previsão de melhora da economia americana, sinais de crescimento da Ásia, taxas de juros reais baixas no mundo e liquidez elevada criam uma forte demanda por ativos financeiros de países emergentes, cujo crescimento tende a ser mais robusto que o dos países desenvolvidos", explica.
Maia diz também que o movimento de ontem no ambiente brasileiro é reflexo da antecipação, pelo mercado, do grau de investimento. Na última semana, duas agências de classificação de risco a Fitch e a Standard & Poors elevaram suas notas de risco soberano do Brasil e deixaram o país a um passo do grau de investimento.
Madeira, da MCM, lembra que no México a antecipação ocorreu seis meses antes da promoção do país, em março de 2001. A taxa de variação da bolsa, em termos anualizados, foi de quase 120%. Após o investment grade, no entanto, o desempenho foi medíocre: dois anos após, o retorno anual médio da bolsa foi inferior a 1%.
O economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi, acredita que ainda há espaço para melhora dos ativos do Brasil. "O mercado está caminhando para antecipar as agências."