O Comitê de Política Monetária (Copom) optou em cortar a taxa básica de juro em 0,50 ponto percentual por considerar que isso resultaria em uma "maior adequação" das condições monetárias ao cenário da inflação. Apesar disso, o Banco Central reafirmou que novos cortes do juro podem ser feitos com "maior parcimônia".
O Copom surpreendeu o mercado ao reduzir a taxa Selic para 14,25% ao ano na reunião encerrada dia 30 de agosto. A expectativa era de um corte de 0,25 ponto percentual.
De acordo com a ata do encontro, divulgada nesta sexta-feira, o Comitê afirma que chegou a avaliar a possibilidade de efetuar um corte menor na taxa de juro, mas acabou optando por fazer uma nova redução de 0,50 ponto.
"O Copom avaliou a conveniência de reduzir a taxa Selic em 25 pontos-básicos. Apesar de entenderem que diversos fatores respaldariam tal decisão, os membros do Comitê concluíram que, neste momento, uma redução de 0,50 ponto na taxa Selic resultaria em maior adequação das condições monetárias correntes à melhora no cenário prospectivo para a inflação observada entre as reuniões de julho e agosto", afirmam os diretores do BC no documento.
De acordo com a ata, os cenários traçados pelo Comitê para a inflação em 2006 e 2007 se mantiveram relativamente estáveis entre as reuniões de julho e agosto, com as projeções indicando uma inflação abaixo da meta fixada pelo governo nos dois anos.
PARCIMÔNIA
Apesar de ter optado em avançar no corte do juro, o Copom insiste no discurso de que as próximas flexibilizações da política monetária poderão ser feitas com "maior parcimônia". A justificativa para esse sinal de cautela é a mesma das últimas reuniões do Comitê: já existem estímulos à expansão da atividade econômica no país. Mas o BC chama atenção para outro fator. Novos cortes do juro, caso venham a ocorrer, terão impactos "progressivamente concentrados" sobre o nível de atividade de 2007.
O Copom lembra que boa parte dos efeitos esperados dos seguidos cortes de juros definidos ao longo deste ano ainda não se refletiram plenamente sobre o nível de atividade econômica e sobre a inflação.
Por isso, o comitê considera importante lembrar que esses efeitos se somarão à maior expansão do nível de emprego, de renda, crédito e aos impulsos fiscais, gerando assim uma expansão da demanda agregada.
Dentro deste contexto, o Copom destaca o atual nível de atividade da indústria no país, ao frisar que o nível médio de utilização da capacidade instalada atingiu 84,9%, o maior patamar registrado desde 1980.
O tom de cautela em relação ao cenário externo também se repetiu na ata da reunião de agosto do Copom. Por isso, os integrantes do Comitê reforçaram que cabe à política monetária manter-se "especialmente vigilante" para evitar que as incertezas de curto prazo se propaguem "para horizontes mais longos".
"A ata confirma que o cenário macroeconômico continua muito benigno. A economia cresce sem inflação e a volatilidade internacional não afetou o país", afirma Alexandre Mathias, economista-chefe do Unibanco Asset.
Apesar da sensação de incerteza quanto ao próximo passo do Copom, Mathias acredita que a meta da taxa Selic será reduzida em 0,25 ponto percentual em outubro.
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