Diante das especulações sobre um possível adiamento no processo de alta dos juros esperado para março ou abril, o Banco Central deu novos sinais de que irá tomar, em breve, medidas para segurar a inflação. Ontem, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que a instituição vai fazer o necessário, na "hora adequada, para cumprir a meta fixada pelo governo para esse ano."Atuar de forma consistente significa também não evitar decisões tecnicamente justificadas que, no curto prazo, possam parecer antipáticas ou impopulares, mas que visam, sim, o bem comum, afirmou.
Meirelles aproveitou seu discurso na cerimônia de posse do novo diretor de Assuntos Internacionais, Carlos Hamilton, para criticar também a "interpretação que vem sendo dada por economistas e jornalistas para os comunicados e pronunciamentos da instituição.
Na quarta-feira, o BC anunciou a reversão de uma das principais medidas para aumentar o crédito na economia durante da crise iniciada no final de 2008. Decidiu tirar R$ 71 bilhões do mercado financeiro por meio de mudanças nos depósitos compulsórios a parte do dinheiro depositada nos bancos que fica presa no BC. Durante a crise, esse mecanismo foi utilizado para injetar R$ 100 bilhões na economia.
Dentro do governo, há quem veja o aumento do compulsório como uma forma de controlar a inflação sem que seja preciso mexer na taxa de juros, já que as duas medidas têm impacto sobre o mercado de crédito. Alguns economistas também fazem essa avaliação. Outros concordam com o BC e dizem que o efeito da medida sobre os juros bancários é incerto.
O presidente do BC disse ainda que as mudanças na diretoria do banco e o calendário eleitoral não vão afetar a atuação da instituição. Nos últimos seis meses, dois diretores deixaram os cargos. Há ainda a possibilidade de que outros saiam em breve, caso Meirelles decida disputar as eleições deste ano.A próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) será nos dias 16 e 17 de março, mas as apostas no mercado financeiro são as de que os juros comecem a subir em abril. Economistas consultados pelo órgão na pesquisa semanal Focus mantiveram a previsão de que a Selic chegue a 11,25% no fim do ano. A taxa está atualmente em 8,75% ao ano.