“Atuar de forma consistente significa também não evitar decisões tecnicamente justificadas que, no curto prazo, possam parecer antipáticas ou impopulares, mas que visam, sim, o bem comum.” Henrique Meirelles, presidente do Banco Central| Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr

Reação

Juros futuros têm alta após discurso

Os juros futuros engataram alta na última hora da negociação normal de ontem, em reação ao discurso do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Os profissionais nas mesas de operação leram as palavras de Meirelles como uma sinalização forte de que a Selic irá subir já em março. Além do avanço das taxas, o volume de contratos negociados cresceu à tarde, com o DI janeiro de 2011 girando 383.160 contratos, de cerca de 231 mil no início da tarde e taxa de 10,44%. Encerrou a negociação normal a 10,48%, chegando a encostar em 10,50%.

O DI abril de 2010, o primeiro a vencer após a reunião do Copom em março, teve um volume surpreendente de 568.250 contratos negociados, superior aos cerca de 326 mil contratos do começo da tarde e dos 193 mil contratos de quinta-feira. A taxa encerrou a 8,74%. Atualmente, a principal discussão entre os analistas trata de quando deve começar o ciclo de alta do juro básico. As apostas se dividem entre março e abril. Apesar da divergência quanto ao mês, há consenso de que o BC vai subir a Selic para desacelerar o ritmo da economia e conter a alta da inflação.

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Diante das especulações sobre um possível adiamento no processo de alta dos juros esperado para março ou abril, o Banco Central deu novos sinais de que irá tomar, em breve, medidas para segurar a inflação. Ontem, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que a instituição vai fazer o necessário, na "hora adequada’’, para cumprir a meta fixada pelo governo para esse ano."Atuar de forma consistente significa também não evitar decisões tecnicamente justificadas que, no curto prazo, possam parecer antipáticas ou impopulares, mas que visam, sim, o bem comum’’, afirmou.

Meirelles aproveitou seu discurso na cerimônia de posse do novo diretor de Assuntos Internacionais, Carlos Hamilton, para criticar também a "interpretação’’ que vem sendo dada por economistas e jornalistas para os comunicados e pronunciamentos da instituição.

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Na quarta-feira, o BC anunciou a reversão de uma das principais medidas para aumentar o crédito na economia durante da crise iniciada no final de 2008. Decidiu tirar R$ 71 bilhões do mercado financeiro por meio de mudanças nos depósitos compulsórios – a parte do dinheiro depositada nos bancos que fica presa no BC. Durante a crise, esse mecanismo foi utilizado para injetar R$ 100 bilhões na economia.

Dentro do governo, há quem veja o aumento do compulsório como uma forma de controlar a inflação sem que seja preciso mexer na taxa de juros, já que as duas medidas têm impacto sobre o mercado de crédito. Alguns economistas também fazem essa avaliação. Outros concordam com o BC e dizem que o efeito da medida sobre os juros bancários é incerto.

O presidente do BC disse ainda que as mudanças na diretoria do banco e o calendário eleitoral não vão afetar a atuação da instituição. Nos últimos seis meses, dois diretores deixaram os cargos. Há ainda a possibilidade de que outros saiam em breve, caso Meirelles decida disputar as eleições deste ano.A próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) será nos dias 16 e 17 de março, mas as apostas no mercado financeiro são as de que os juros comecem a subir em abril. Economistas consultados pelo órgão na pesquisa semanal Focus mantiveram a previsão de que a Selic chegue a 11,25% no fim do ano. A taxa está atualmente em 8,75% ao ano.