O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve a taxa de juros estável em 10,75% ao ano na última semana, após três elevações consecutivas, informou, por meio da ata da reunião, divulgada nesta quinta-feira (9) que os riscos para concretização de um "cenário benigno" para a inflação reduziram-se desde o fim de julho.

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"Em parte, se deveu à reversão de parcela substancial dos estímulos [retorno do IPI mais elevado para linha branca e automóveis, além do aumento do compulsório, entre outros] introduzidos durante a crise financeira internacional de 2008/2009 e, de modo especial, ao ajuste da taxa básica implementado desde abril. Também contribuiu para isso o fato de que, nesse mesmo período, se elevou a probabilidade de desaceleração, e até mesmo de reversão, do já lento processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 [Alemanha, Japão e Estados Unidos]. Por conseguinte, a influência do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica revela viés desinflacionário", avaliou o Copom.

De acordo com o Banco Central, a trajetória dos índices de preços mostra "arrefecimento" das pressões inflacionárias em algumas economias relevantes, enquanto persistem preocupações com a perspectiva de deflação em outras. "Nessa conjuntura, permanece elevada a probabilidade de que se observe alguma influência desinflacionária do ambiente externo sobre a inflação doméstica, conquanto persista incerteza sobre o comportamento de preços de ativos e de commodities em contexto de substancial volatilidade nos mercados financeiros internacionais", avaliou.

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Alerta

Entretanto, o Banco Central acrescenta que, caso a inflação não convirja para a meta central definida pelo governo, de 4,5% para este ano, 2011 e 2012, ajustará a "postura da política monetária", ou seja, voltará a subir a taxa básica de juros da economia brasileira. A expectativa do mercado financeiro, porém, é de que a taxa de juros permaneça no atual patamar até fevereiro de 2011, quando subiria para 11% ao ano.

"Caso a inflação não convirja tempestivamente para o valor central da meta estabelecida pelo CMN, a política monetária deve atuar a fim de redirecionar a dinâmica dos preços e, portanto, assegurar que a meta seja atingida", informou o Copom, na ata de sua última reunião. No sistema de metas, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais, de modo que o IPCA, que serve de referência, pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que as metas sejam descumpridas.

O Comitê de Política Monetária reconheceu que o nível de incerteza permanece "acima do usual" no ambiente econômico. "(...) Evidências sobre isso vêm dos ganhos reais de salários em alguns segmentos e de maiores pressões de preços ao produtor no passado recente. É plausível afirmar, entretanto, que os fatores de sustentação desses riscos domésticos mostram desaceleração. Por exemplo, há sinais de que a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo e, assim, os efeitos das pressões de demanda e do elevado nível de utilização dos fatores sobre o balanço de riscos para inflação tendem a arrefecer", avaliou o BC.

Nível de atividade mais moderado

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De acordo com a ata do Copom, as perspectivas para a evolução da atividade econômica doméstica continuam favoráveis, mas em "compasso menos intenso" do que o observado no início deste ano.

"Essa avaliação é sustentada pelos sinais de expansão mais moderada da oferta de crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, pelo fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, mas com alguma acomodação na margem, e pela trajetória recente dos níveis de estoques em alguns setores industriais. O Copom avalia, por outro lado, que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido, entre outros fatores, pelo vigor do mercado de trabalho, pelos efeitos remanescentes dos estímulos fiscais e das políticas dos bancos oficiais e, em escala menor do que a esperada anteriormente, pela atividade global", avalia o Banco Central.

Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia cresceu 1,2% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três primeiros meses de 2010.