O Banco do Japão apresentou nesta sexta-feira uma perspectiva pessimista sobre o desempenho da economia global e fez um alerta sobre as grandes restrições dos mercados financeiros mundiais.
O presidente do banco central japonês, Masaaki Shirakawa, disse estar atento para evitar o risco da deflação, à medida em que o Japão entrou em recessão, mas o BC decidiu manter sua taxa básica de juro inalterada. Segundo Shirakawa, novos cortes da taxa pode gerar problemas nos mercados.
"A economia global deve passar por um severo ajuste por um tempo", afirmou Shirakawa a jornalistas, acrescentando que é preciso atenção aos crescentes riscos econômicos.
"Vai levar um bom tempo para que as condições que permitam a recuperação econômica do Japão retornem", acrescentou.
O ministro de finanças do país, Shoichi Nakagawa, mostrou-se preocupado sobre a turbulência dos mercados depois que as ações em Wall Street atingiram mínimas históricas na quinta-feira, e disse que pretende cooperar com o Banco do Japão em possíveis medidas para impulsionar o mercado acionário e a economia do país.
Mais cedo, o Banco do Japão decidiu manter sua taxa básica de juro em 0,30 por cento, para que o banco pudesse avaliar como o corte do juro promovido no mês passado ajudou a aliviar as pressões provocadas pela crise global de crédito.
A manutenção da taxa foi decidida por unanimidade entre os diretores do BC japonês. A diretoria, que formalmente tem nove integrantes, está atualmente com uma vaga em aberto.
O Japão entrou em recessão pela primeira vez em sete anos no terceiro trimestre do ano, juntando-se à zona do euro, que também amargam a primeira recessão de sua história.
Em outro relatório, o governo japonês reduziu pelo segundo mês consecutivo sua avaliação sobre a economia do país, citando a queda das exportações diante do aprofundamento da crise financeira, que empurrou a segunda maior economia do mundo para a recessão.
O governo, em seu relatório de novembro divulgado nesta sexta-feira, afirmou que o enfraquecimento econômico está se espalhando pela Ásia e uma autoridade alertou que a situação deve se deteriorar ainda mais.
"Em meio à desaceleração da economia global, a pressão de baixa sobre a economia japonesa está aumentando rapidamente", afirmou o governo. Essa foi a sexta vez que o governo japonês cortou sua avaliação sobre a economia em 2008.
O governo também afirmou no relatório que a crise financeira global, a continuidade da desaceleração de outras economias e os grandes movimentos dos mercados de moeda e ações podem fazer com que a situação econômica piore.
"Não estamos passando por uma situação normal. As condições da economia real podem mudar consideravelmente em poucos meses", afirmou Fumihira Nishizaki, integrante do gabinete de governo e responsável pela compilação do relatório.