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Poupança retoma vantagem sobre fundo de renda fixa

Com o novo aumento do juro básico (a Selic) para 10,5% ao ano, a poupança retoma vantagem sobre o rendimento médio de fundos de renda fixa que havia sido parcialmente perdida na última elevação da taxa, em novembro de 2013, para 10% ao ano.

O grande benefício para a poupança agora é a TR (Taxa Referencial), que está mais alta. A projeção da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) é de taxa média de 0,09 ponto percentual em janeiro. A TR é calculada com base no juro básico e no número de dias úteis de cada mês. Quanto maior o juro e mais longo o mês, maior a taxa.

"Para o investidor conservador, os títulos atrelados à Selic são interessantes. As taxas que esses papéis pagam acompanham a elevação da Selic. Com o aumento, ele vai ganhar um juro maior do que o que ganhava antes", diz Michael Viriato, professor do Insper. Por outro lado, o aperto no crédito freia o crescimento econômico, o que tem reflexo negativo na Bolsa de Valores.

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O Banco Central elevou ontem o juro básico da economia, a taxa Selic, em 0,50 ponto porcentual, para 10,5% ao ano. Foi a sétima alta seguida. A autoridade monetária ainda deixou aberta a possibilidade de pelo menos mais um aumento.

A decisão foi unânime e confirmou a aposta de parte dos economistas, baseada no atual cenário de pressão inflacionária. Até a semana passada, antes da divulgação da inflação de dezembro, o BC sinalizava uma alta mais suave nos juros.

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Indicador "oficial" de inflação no país, o IPCA avançou 0,92% no mês passado, a maior taxa para dezembro desde 2002. E fechou 2013 em 5,91%, acima das expectativas.

A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito – tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo – fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.

Para o futuro, as apostas dos economistas variam. Alguns acreditam que a Selic fique estável a partir de agora até o fim de 2014 e outros preveem mais altas, com a intensidade a depender da inflação.

Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a Selic pode encerrar 2014 em até 11,25% ao ano, sendo mais duas altas, em fevereiro e em abril, de 0,50 e 0,25 ponto porcentual, respectivamente. "O BC tem que lidar com muitas questões [como inflação alta e crescimento fraco, por exemplo] ao mesmo tempo utilizando apenas um instrumento", diz.

O economista Luciano Rostagno, do Banco Mizuho, afirma que a atividade econômica fraca do país, principalmente pelo desempenho da indústria, deve impedir o BC de subir muito mais a Selic. "Indicadores de atividade da indústria sugerem que a produção do setor registrou forte queda na margem em dezembro, após sofrer ligeira contração em novembro", diz.

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Para o economista da LCA Antônio Madeira, o ajuste na Selic demonstra que a maior preocupação do BC no momento é com a inflação. "Esse aumento de 0,5 ponto provavelmente é resultado do IPCA", diz.

Impacto

A Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp) defenderam, em nota, que a decisão do Copom de elevar a Selic em 0,50 ponto impede uma possível retomada da indústria.

"Com este novo aumento da taxa Selic, 2014 começa mal, indicando que a esperada retomada da indústria ficará para depois", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp/Ciesp. "A inflação precisa ser contida, mas é necessário buscar alternativas para combatê-la que não penalizem tanto a atividade econômica e a vida das empresas e das pessoas", completa.

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