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O Banco Central (BC) ganha, nesta semana, artilharia relevante para rebater as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às altas taxas de juro, que estão em 13,75% ao ano, e às metas de inflação: a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Relatório da Inflação. Os dois documentos vão dar mais substância sobre a estratégia de combate à inflação e, por tabela, da necessidade de juros elevados.
Na terça, às 8 horas, será publicada a ata do Copom, que nos dias 21 e 22, decidiu pela manutenção da taxa e sinalizou dificuldades para a redução no curto prazo. O documento vai mostrar os fatores que fizeram com que o comunicado da reunião fosse mais duro do que o esperado pelo mercado financeiro.
O Copom apontou que entre os riscos de alta para o cenário inflacionário “destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos”.
A decisão do comitê despertou críticas entre aliados do presidente. Mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que estavam tentando apaziguar a relação de Lula com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reclamaram do comunicado.
Haddad, classificou como "preocupante" o comunicado do Copom. Já Alckmin classificou a decisão como muito radical.
A presidente do PT, Gleisi Hofmann, questionou nas redes sociais se Campos Neto "não entendeu seu compromisso com o Brasil". Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) afirmou que considera “inaceitável” a manutenção da Selic no atual nível.
Relatório da Inflação sai na quinta
Na quinta, será a vez do BC divulgar o Relatório da Inflação do primeiro trimestre. A divulgação pelo presidente Roberto Campos Neto e pelo diretor de política monetária, Diogo Guillen, deverá ser acompanhado com atenção e pode dar pistas sobre o comportamento dos preços, bem como sobre eventuais efeitos do crédito ou de uma crise bancária no exterior na economia brasileira.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a prévia da inflação brasileira, mostrada pelo IPCA-15 foi de 2,01% nos três primeiros meses do ano. A meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em março, os preços aumentaram em média 0,69%, ligeiramente acima das expectativas. Mas, segundo o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos resultados desagregados do IPCA-15 se mostraram “relativamente benignos.”
Segundo ele, a média móvel de 3 meses anualizada com ajuste sazonal – importante para avaliar a tendência de curto prazo – ficou praticamente estável na comparação mensal (de 5,80% para 5,82%). “Ou seja, ainda longe da meta de inflação do banco central (3,25% em 2023), mas um sinal de alívio na margem.”
O economista aponta que a inflação para o consumidor ainda permanece pressionada, mas os resultados da prévia de março vieram com sinais mais animadores.
Margato alerta, entretanto, que ainda é cedo para afirmar que o processo de desinflação retomará tração daqui para a frente, tendo em vista o cenário de elevação das expectativas de inflação, a taxa de câmbio estar depreciada e de alguns estímulos de curto prazo à atividade econômica.