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BC indica avanço da economia, mas não reverte pessimismo

Recuperação da indústria impulsionou atividade no 2º trimestre. Mas a segunda metade do ano tende a ser mais difícil | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Recuperação da indústria impulsionou atividade no 2º trimestre. Mas a segunda metade do ano tende a ser mais difícil (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)

Com a recuperação da produção industrial e o crescimento das vendas do comércio, a economia brasileira cresceu 0,89% no segundo trimestre, pelas contas do Banco Central. O Índice de Atividade Econômica da instituição (IBC-Br) indicou para os analistas que os dados oficiais – que serão divulgados pelo IBGE – devem apontar uma aceleração da economia no fim do segundo semestre.

No entanto, os especialistas avisam: o segundo trimestre provavelmente foi o pico da expansão da atividade econômica em 2013. A expectativa é que os dados piorem até o fim do ano, a reboque da queda da confiança dos consumidores, empresários, juros altos e dólar caro.

Pelos cálculos do BC, em junho a economia brasileira cresceu 1,13%. É o melhor desempenho desde janeiro. Depois que o dado foi divulgado, os analistas começaram a refazer suas contas. O banco ABC Brasil, por exemplo, aposta que o crescimento do segundo trimestre ficará em 1,1%. Isso significa uma aceleração em relação ao crescimento de 0,6% no primeiro trimestre registrado pelo IBGE.

"Os dados comprovam uma aceleração da atividade, mas esse segundo trimestre deve ser o pico do crescimento. A gente deve ver desaceleração daqui para frente por causa da queda da confiança dos consumidores e dos empresários", prevê a economista do ABC Brasil Mariana Hauer.

Essa é a mesma expectativa do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, que é ex-diretor do BC. Ele ainda acrescenta dois ingredientes na sua perspectiva para a desaceleração da economia: a alta da taxa básica de juros (Selic) e a disparada do dólar.

"A economia vive um momento de recuperação da indústria e tem um desempenho razoável com o comércio, mas isso reflete o passado e não o futuro, que é incerto por causa do câmbio e da alta de juros", pondera Freitas.

Segundo o especialista, a alta dos juros vai inibir o consumo dos brasileiros, mas a incerteza maior para a economia brasileira vem do câmbio. Ele lembra que o BC tem perdido a queda de braço com o mercado para conter a alta da moeda americana. E que ninguém espera uma atitude mais incisiva da autoridade monetária para conter esse processo.

Prévia descolou do PIB "real"

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, disse que o resultado do IBC-Br no segundo trimestre, de 0,89%, não pode ser encarado como uma aceleração da economia por um simples motivo: ele caiu. No primeiro trimestre, o índice calculado pela autoridade monetária ficou em 1,1%.

Agostini lembrou que o índice do BC, antes tratado como uma prévia do PIB oficial, já não tem tanta aderência. No primeiro trimestre, por exemplo, o dado do IBGE foi de crescimento de 0,6%, quase a metade do calculado pelo Banco Central.

"O que o dado do BC mostra é uma perda de fôlego da economia, que tem a ver com todo o cenário econômico que o Brasil vive: inflação alta e fraqueza do modelo de crescimento pelo consumo", disse o economista.

O IBC-Br foi criado pela autoridade monetária para balizar as diretrizes da política de controle de inflação no Brasil. Como o dado oficial de crescimento (divulgado pelo IBGE) é muito defasado, o cálculo do BC tenta dar um norte em relação ao comportamento da economia brasileira.

Nos últimos 12 meses, ele aponta um crescimento da economia de 2,12%. A expectativa geral do mercado financeiro para o ritmo de expansão do PIB é de 2,2%, conforme pesquisa do BC.

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