Nesta segunda-feira (17), o Banco Central (BC) informou o vazamento de dados ligados a 24.349 chaves Pix. De acordo com a autoridade monetária, foram vazados dados cadastrais como nome de usuários, CPF com máscara, instituição de relacionamento, agência, número e tipo da conta.
Segundo o comunicado do BC, “não foram expostos dados sensíveis, tais como senhas, informações de movimentações ou saldos financeiros em contas transacionais, ou quaisquer outras informações sob sigilo bancário. As informações obtidas são de natureza cadastral, que não permitem movimentação de recursos, nem acesso às contas ou a outras informações financeiras.”
Os dados vazados estavam sob responsabilidade da QI Sociedade de Crédito Direto S.A. (QI SCD). De acordo com o comunicado, os dados foram vazados em razão de “falhas pontuais em sistemas dessa instituição". O vazamento aconteceu de 23 de fevereiro a 6 de março de 2025.
“As pessoas que tiveram seus dados cadastrais obtidos a partir do incidente serão notificadas exclusivamente por meio do aplicativo ou pelo internet banking de sua instituição de relacionamento. Nem o BC nem as instituições participantes usarão quaisquer outros meios de comunicação aos usuários afetados, tais como aplicativos de mensagens, chamadas telefônicas, SMS ou e-mail”, informou o BC.
O Banco Central disse ter adotado “ações necessárias” para apurar o caso. O BC também afirmou que decidiu comunicar o vazamento à sociedade tendo em vista o compromisso com a transparência mesmo considerando que o incidente tem “baixo impacto potencial para os usuários”.
O vazamento ocorre dias depois de o BC anunciar novas regras de segurança do Pix
No início deste mês, o Banco Central (BC) anunciou que não permitirá mais o funcionamento de chaves Pix pertencentes a pessoas e empresas com situação irregular na Receita Federal.
Segundo o BC, a iniciativa se deu mediante a necessidade de aperfeiçoamento da segurança após a identificação de inconsistências durante a abertura de contas e no cadastramento das chaves Pix com dados diferentes daqueles cadastrados na Receita, o que gera inconformidades e pode facilitar a ação de golpistas a partir do uso de chaves Pix com nomes que divergem dos registros na Receita.
De acordo com o BC, em uma primeira etapa de implementação das novas regras, os bancos terão um mês para excluir as chaves Pix irregulares da base de dados. As novas regras entrarão em vigor no dia 1º de abril.
Vazamentos anteriores
Este é o 19º evento de vazamento de dados relacionados ao Pix comunicado pelo Banco Central desde 2021.
O vazamento mais recente foi registrado em 29 de novembro de 2024 e atingiu 1.500 usuários. Na ocasião, foram vazados microdados da pesquisa “O brasileiro e os hábitos de uso de meios de pagamento".
Anteriormente, de 5 a 8 de novembro de 2024, vazaram dados cadastrais vinculados a 1.378 chaves Pix, como nome do usuário, CPF, instituição de relacionamento, agência e número da conta.
Especialista alerta que dados roubados podem ser usados como "isca"
Ouvido pela Gazeta do Povo, nesta terça, o diretor de fraude e identidade da LexisNexis Risk Solutions, Rafael Costa Abreu, disse que apesar de ter atingido somente dados cadastrais, esse tipo de vazamento informado pelo Banco Central pode ser usado por fraudadores como "isca" para levar cidadãos a clicarem em links maliciosos e acabar vítimas de golpes digitais.
O especialista em fraudes observa que com a rápida evolução da Inteligência Artificial os fraudadores usam a tecnologia para golpes cada vez mais sofisticados.
"Através dos tradicionais golpes de phishing ou de novas formas como as chamadas “fake ads” de anúncios fraudulentos com influenciadores ou celebridades, o fato é que as tentativas de fraudes ganham ares muito convincentes e trazem prejuízos a cidadãos, em especial os mais vulneráveis e com pouco acesso à informação", disse Costa Abreu.
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