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BC intervém com força, mas dólar não sobe

O Banco Central atuou agressivamente ontem no mercado de câmbio para conter a valorização do real ante o dólar. Além de dois leilões de compra de moeda estrangeira no mercado à vista – o primeiro deles, inclusive, realizado mais cedo que o habitual –, o BC vendeu quase US$ 1 bilhão em swaps cambiais reversos, instrumento financeiro que equivale à compra de dólares no futuro. Com a artilharia utilizada pela autoridade monetária, a moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 1,672, praticamente estável (queda de 0,06%, para ser preciso) na comparação com a véspera.

O maior intervencionismo do BC ocorre já sob um ambiente de taxa de juros mais altas – e que devem continuar subindo nos próximos meses –, o que representa um fator de atração de dólares para investimento em renda fixa. Afinal, mesmo com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) maior sobre essas aplicações, o processo de elevação da Selic amplia o interesse de investidores externos no país. Além disso, o momento internacional tem se mostrado favorável à captação de recursos externos por empresas brasileiras, como a emissão de US$ 6 bilhões pela Petrobras, em bônus de até 30 anos.

Pouca eficácia

Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, o uso de swaps reversos pela autoridade monetária não irá conseguir alterar a tendência do dólar. Segundo ele, a combinação de excesso de oferta de dólares no mundo – por causa dos juros baixos e pela política de emissão de moeda nos Estados Unidos – e a avaliação do mercado de que o BC brasileiro terá de subir os juros mais do que se antecipava estimulam a valorização do real no futuro, tornando pouco eficaz o uso de swaps no médio prazo.

"Essas operações não são importantes para evitar a queda do dólar. De fato, elas podem reduzir a queda no momento, mas não mudam a trajetória, apenas reduzem a volatilidade, evitam uma queda forte", disse Freitas. Ele explicou que mais eficiente no combate à tendência de apreciação no prazo mais longo será o uso de uma política mais curta, embora mais agressiva, de alta nos juros por parte do BC, de modo que se consiga controlar mais rapidamente a inflação e retomar a queda da Selic já no fim do ano.

O economista-sênior do BES Investimento Flavio Serrano também avalia que a atuação do governo tem eficácia limitada, afetando apenas o curto prazo. "De fato, essa postura não altera a tendência da moeda. Apenas piora as condições de mercado", disse Serrano.

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