O Banco Central voltou ao mercado e realizou entre 12h30m e 13h um leilão de swap cambial reverso. A compra conteve um pouco a queda da moeda americana que já chegava a 1,26% e batia os R$ 1,9540. Após a compra de 21,25 mil contratos, num totals de US$ 1 bilhão, a moeda subiu e chegou a R$ 1,9640 na compra e R$ 1,9660 na venda. A queda agora é de 0,75%.
A oferta foi de 21,25 mil contratos, divididos em três vencimentos: dezembro de 2007 (10,35 mil), junho de 2008 (6,4 mil) e julho de 2009 (4,5 mil). Há cinco pregões, o Banco Central não realizava leilões desse tipo.
Logo no início da manhã desta quarta-feira, um dia após romper a barreira dos R$ 2 pela primeira vez em mais de seis anos, o dólar comercial abriu as operações com queda frente ao encerramento de terça-feira, a R$ 1,9710. Às 11h50 desta quarta, a moeda americana já caía 1,26%, para R$ 1,9560, na venda, e R$ 1,9540, na compra. O processo de queda do dólar tem reduzido preços de viagens ao exterior e de produtos importados (clique e confira e reportagem) .
Nessa terça-feira, caiu 1,29% e terminou o dia cotado a R$ 1,9830, na venda, e R$ 1,9810, na compra. O valor foi o mais baixo desde o dia 12 de fevereiro de 2001. A última vez que a moeda havia fechado abaixo dos R$ 2 tinha sido em 15 de fevereiro de 2001, quando marcou R$ 1,9890.
Nesta quarta-feira, à tarde, o Banco Central deve divulgar o balanço da entrada e saída de dólares no país nos primeiros 15 dias do mês. Isso pode mexer ainda com o mercado de câmbio.
Segundo analistas, a baixa das cotações é sustentada pela abundância de dólares entrando no país. Alguns analistas avaliam que a moeda americana deve continuar a se desvalorizar e poderá chegar ao patamar de R$ 1,80, o que não é visto desde 2000.
Apostas agressivas numa queda do dólar feitas por investidores estrangeiros na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) também alimentam o dólar mais fraco. As operações, que somavam US$ 6,7 bilhões em dezembro de 2006, chegaram a US$ 13 bilhões no mês passado e, este mês, já atingem pouco mais de US$ 16 bilhões. Nos últimos quatro dias úteis, esse volume cresceu em quase US$ 2 bilhões. Na avaliação de analistas, as compras de dólares pela Banco Central não são capazes de impedir a queda.
Além disso, atentos à baixa do dólar, os exportadores têm antecipado a entrada de recursos, temendo uma cotação mais baixa. Embora o saldo da balança comercial mostre que somente US$12,9 bilhões foram efetivamente vendidos ao exterior, US$30,4 bilhões entraram no mercado doméstico no ano até abril, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
- O fluxo cambial é muito maior do que o que o BC consegue absorver. Até mesmo porque as intervenções são paliativas. Ao tirar o pé do freio, nos últimos dias, o BC abriu espaço para o dólar derreter. Isso, somado à mudança de discurso, pode levar a moeda para R$1,85 - diz Mário Paiva, analista da corretora Liquidez.
Nesta, quarta-feira, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, voltou a falar que o governo estuda medidas para ajudar as empresas que estão perdendo competitividade com a queda do dólar. Entre elas, está a desoneração da folha de pagamentos.
Para Emy Shayo, diretora-gerente do banco Bear Stearns, não adianta o BC lutar contra a tendência mundial de desvalorização do dólar:
- A Colômbia tentou o controle de capitais, mas foi inócuo. Já a Turquia, envolta em turbulências políticas, só viu sua moeda se apreciar. É isso que se espera também no Brasil. A economia brasileira está mais estável, favorecendo a entrada de capitais. Além disso, os juros são uma enormidade e os saldos comerciais, idem, por isso o dinheiro continua e vai continuar entrando no país.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em alta nesta quarta-feira e, às 11h57, subia 0,49% para os 50.764 pontos, com volume financeiro de R$ 1,307 bilhão.
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