Brasília Para evitar que o dólar caísse abaixo dos R$ 2,00, o Banco Central (BC) voltou a surpreender e realizou ontem uma megaintervenção no mercado de câmbio. A primeira novidade surgiu poucos minutos antes das 11h, quando a mesa de operações do BC anunciou que faria um leilão de swap cambial reverso de US$ 3 bilhões. Nos leilões feitos desde o dia 20 de abril, o volume das ofertas nestes leilões tinha sempre variado entre US$ 400 e R$ 600 milhões. "Vimos um aumento da agressividade das atuações do BC", disse um analista do mercado financeiro. Nesse tipo de leilão, o BC compra dólares do mercado e promete uma remuneração baseada na taxas de juros.
Sem dar trégua, o BC voltou a atuar no mercado de câmbio durante a tarde. Pelos cálculos de operadores do mercado, foram mais US$ 1 bilhão de compras de dólares no mercado à vista. O dólar comercial encerrou os negócios a R$ 2,028. Pela manhã, o preço da moeda americana atingiu R$ 2, sua menor cotação em seis anos.
Apesar de conseguir evitar que o dólar furasse a barreira dos R$ 2,00, as atuações foram suficientes para provocar uma desvalorização do real frente ao dólar de apenas 0,20%. "Para o tamanho da intervenção feita, a desvalorização foi muito pequena. Esperava uma reação mais forte do mercado", comentou a economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, acha que o BC não conseguirá evitar que o dólar venha acabar sendo cotado abaixo dos R$ 2,00. "Não tenho dúvida quanto a isso. O que estamos vendo é o BC ir contra a corrente", disse. Para Thadeu de Freitas, a melhor forma de se combater a valorização do real é acelerar a queda dos juros. "Se a taxa tivesse caído 0,50 ponto porcentual em abril, a cotação do real não estaria no patamar que está", disse.
Também favorável a uma aceleração da queda dos juros, o estrategista do BNP Paribas, Alexandre Lintz, acrescentou que a medida deveria ser acompanhada por uma redução das alíquotas de importação.
Na opinião da economista-chefe da Mellon Global, o BC ainda tem à disposição outros instrumentos de atuação no mercado de câmbio para tentar suavizar o movimento de valorização do real. "Ele pode fazer mais de uma intervenção no mercado à vista de câmbio e promover uma redução de compulsórios", disse.