O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, confirmou nesta quarta-feira (26), em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, que a injeção de recursos no sistema financeiro, por meio da liberação de depósitos compulsórios - recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária pelas instituições financeiras - já somou R$ 91 bilhões até a última sexta-feira (21).
"Isso significa que o BC do Brasil, em atitude prudente, que na época foi classificada como conservadora, sempre exigiu que os bancos deixassem parte importante de sua reserva de liquidez. Isso está se revelando muito importante, na medida em que pode liberar agora [os compulsórios]", informou Meirelles aos parlamentares. Segundo ele, os problemas de restrição de liquidez estão sendo gradualmente solucionados.
Na parcial até o dia 14 de novembro, divulgada pelo Banco Central na quarta-feira da semana passada (19), R$ 78 bilhões já haviam sido liberados, sendo R$ 23,6 bilhões somente na sexta-feira (14), por conta da medida que obrigou os bancos a comprarem carteiras de crédito de outras instituições financeiras com subsequente liberação do compulsório.
Estímulo à liquidez
O objetivo do Banco Central, com as liberações de depósitos compulsórios, é estimular a circulação dos recursos no sistema financeiro em um momento no qual a escassez de crédito se fez presente por conta da crise financeira internacional. Desde a eclosão da crise, os bancos estavam mais cautelosos na compra de carteiras e liberação de empréstimos.
A alíquota do compulsório sobre depósito à vista, que era de 45%, já está em 42%. Sobre depósitos a prazo, a alíquota é de 15% e, sobre poupança é de 20%. Existe ainda uma alíquota adicional de 5% sobre os depósitos à vista, a prazo e de 10% sobre a poupança.
Histórico
Desde o agravamento da crise financeira internacional, o BC já anunciou uma série de mudanças nas regras dos depósitos compulsórios. Entretanto, todas elas demoram algum tempo para ter impacto efetivo no sistema financeiro.
A primeira foi tomada no dia 24 de setembro, quando foram injetados R$ 5,2 bilhões no mercado e, ao mesmo tempo, foi anunciado o adiamento do cronograma de implementação do recolhimento compulsório em títulos federais sobre depósitos das operações de leasing (impacto de R$ 8 bilhões).
Em 8 de outubro, o BC anunciou a liberação de até R$ 23,2 bilhões para a economia e, em 13 de outubro, informou que injetaria até R$ 100 bilhões do depósito compulsório sobre depósitos a prazo. No mesmo dia, injetou mais R$ 27,1 bilhões e também alterou o compulsório do leasing, o que poderia gerar a liberação de mais R$ 20 bilhões. Depois alterou de novo as regras, o que pode resultar na injeção de mais R$ 6 bilhões. Nesta terça-feira, liberou mais R$ 6,2 bilhões para o BNDES.