O Banco Central elevou ontem a taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto porcentual, para 9% ao ano, indicando que deve manter por mais tempo o atual ritmo de aperto monetário para conter a inflação, em um momento em que a moeda brasileira perde valor em relação ao dólar.
Ao explicar a decisão de aumentar pela quarta vez seguida a taxa Selic, o Comitê de Política Monetária repetiu o comunicado utilizado nas duas últimas reuniões, dando a entender ao mercado de que elevará novamente a taxa em 0,5 ponto porcentual na próxima reunião, em outubro. "O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", disse o comunicado.
A decisão unânime do Copom veio em linha com as expectativas do mercado. "O comunicado foi a repetição do que foi colocado no comunicado anterior. Então todo mundo vai precificar (alta de) 0,50 ponto na curva de juros (para a reunião de outubro do Copom)... À luz do que se tem hoje, o BC mantém o ritmo", afirmou o economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank, Jankiel dos Santos. Ele acrescentou, contudo, que caso a cena econômica atual mude, o BC pode também alterar sua sinalização.
O atual ciclo de aperto monetário teve início em abril, quando o Copom tirou o juro da mínima histórica de 7,25%, com alta de 0,25 ponto porcentual. Em seguida, vieram dois aumentos de 0,50 ponto, um em maio e outro em julho, com o objetivo de combater a inflação.
O IPCA indicador oficial de inflação do país estourou o teto da meta do governo no acumulado em 12 meses em março. Ainda que tenha perdido força nos últimos meses, continua muito elevado: em julho, estava em 6,27% em 12 meses, perto do teto da meta do governo, que é de 4,5% com margem de tolerância de dois pontos para mais ou menos.
O comportamento do dólar, que acumula alta superior a 17% desde maio e bateu em R$ 2,45 recentemente, é mais um fator de preocupação do governo para a inflação, ainda mais porque acaba colocando pressão para um aumento dos preços dos combustíveis no mercado interno. A Petrobras sofre com a divisa norte-americana mais valorizada por ser importar combustíveis.