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Política monetária

BC mantém juro, à espera de efeitos do aperto do crédito

Copom optou por manter a Selic em 10,75% ao ano. Confira no gráfico |
Copom optou por manter a Selic em 10,75% ao ano. Confira no gráfico (Foto: )
Na última reunião comandada por Henrique Meirelles e sob pressão da inflação, Copom optou por aguardar mais um pouco |

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Na última reunião comandada por Henrique Meirelles e sob pressão da inflação, Copom optou por aguardar mais um pouco

Na última reunião do governo Lula e de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve ontem o juro básico em 10,75% ao ano, em decisão unânime. Mesmo com a crescente pressão inflacionária, a taxa Selic terminará 2010 no mesmo patamar visto desde julho. Por enquanto, o BC entende que é preciso esperar o efeito das recentes medidas de aperto do crédito para avaliar eventual mudança na política de juros. O comunicado divulgado após a reunião mantém aberta a possibilidade de que o governo de Dilma Rousseff comece a subir o juro logo no início de 2011.

"Prevaleceu o entendimento entre os membros do Comitê de que será necessário tempo adicional para melhor aferir os efeitos dessas iniciativas sobre as condições monetárias", cita o texto, ao se referir às medidas anunciadas na sexta-feira. "Nesse sentido, o Co­mi­tê entendeu não ser oportuno reavaliar a estratégia de política mo­­netária nesta reunião", diz o BC.

Esperada pela maioria dos economistas, a manutenção do juro básico foi criticada por centrais sindicais, que a consideraram "nefasta para o setor produtivo", por parte do comércio e também da indústria – muito embora a CNI, confederação nacional do setor, tenha classificado a decisão como a "mais acertada no momento".

Existiam motivos para elevar o juro, mas o BC optou por esperar mais algumas semanas. Um dos principais argumentos para manter a Selic é que os alimentos, que têm exercido papel importante na inflação, sobem por fatores sazonais como safra e clima. Essa alta, argumenta o BC, não pode ser combatida com juros.

Apesar desse discurso tranquilizador, há movimentos mais preo­cupantes que têm entrado no radar do Copom, como a elevação do chamado núcleo da inflação – preços que têm maior peso no cálculo dos índices – e os reajustes nos serviços. Isso, inclusive, foi um dos motivos para as medidas prudenciais no crédito na semana passada. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,63%, e caminha perigosamente em direção ao limite máximo do regime de metas, que é de 6,5%.

"Havia fortes argumentos para subir o juro, mas o BC ganhou tempo com a decisão anunciada na semana passada, que restringe a oferta de crédito, o que vai no mesmo sentido de um aumento de juro", diz o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano. Ele aposta em aumento da Selic já na primeira reunião de Alexandre Tombini na direção do BC, em janeiro. Serrano concorda com a aposta predominante do mercado, que prevê aumento da Selic de 1,50 ponto porcentual no primeiro ano do governo Dilma, com altas de 0,50 ponto nas reuniões de janeiro, março e abril, levando a taxa a 12,25%.

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