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Confira a evolução da Selic nos últimos anos |
Confira a evolução da Selic nos últimos anos| Foto:
  • Veja a taxa de juros no Brasil e em outros países

Naquela que pode ter sido a última reunião sob o comando do presidente Henrique Meirelles, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros inalterada em 8,75% ao ano. A decisão, no entanto, não foi unânime, ao contrário do que ocorreu nas cinco reuniões anteriores. Foram cinco votos a favor da manutenção e três pelo aumento dos juros em 0,5 ponto porcentual. Na avaliação de economistas, esse é um sinal de que a taxa Selic vai começar a subir no fim de abril, quando o Copom volta a se reunir.

No comunicado divulgado pelo Banco Central após a reunião, a instituição diz que "irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

O principal indicador a ser monitorado será a inflação. O BC tem como objetivo deixar o índice oficial de preços dentro da meta de 4,5% em 2010. Nos últimos 12 meses, a taxa acumulada está em 4,83%, e as previsões dos analistas são que passe de 5% em dezembro.

Diante de um BC dividido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria pedido ao presidente da instituição que tentasse evitar uma alta dos juros às vésperas de uma definição no quadro eleitoral. No fim do mês, os candidatos a cargos públicos nas próximas eleições terão de deixar o governo. Isso inclui a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, e o próprio Meirelles, que deve concorrer ao Senado pelo PMDB de Goiás. Há quem diga que Meirelles poderá dizer na campanha que deixou o cargo com o juro mais baixo da história. Nos bastidores, há expectativa de que o diretor de normas do BC, Alexandre Tombini, pode ser o substituto do atual presidente da autoridade monetária.

Além de evitar críticas da oposição neste momento, parte do governo, incluindo o Ministério da Fazenda, não vê necessidade de um aumento dos juros agora. Um dos argumentos é que o BC já vai retirar, a partir de abril, R$ 71 bilhões da economia por meio da elevação nos depósitos compulsórios (parcela do dinheiro depositado pelos clientes que os bancos têm de deixar parada no BC).

Essa foi uma das principais medidas adotadas no fim de 2008 para amenizar os efeitos da crise, ao lado da redução dos juros. Embora também afete o crédito, o BC avalia que essa mudança não substitui a necessidade de elevar os juros.

Outro fator que também coloca pressão sobre o BC para mexer nos juros são os dados recentes que mostram a recuperação da economia, o que foi confirmado na semana passada pela divulgação do PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país em um determinado período), que avançou 4,3% no quarto trimestre de 2009 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Focus

Se forem confirmadas as previsões feitas pelos economistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus, a Selic deve terminar o último ano do governo Lula em 11,25%. Os juros subiram pela última vez em setembro de 2008, antes da quebra do banco Lehman Brothers. A piora na crise financeira que se seguiu levou o BC a reduzir a Selic entre janeiro e julho, de 13,75% ao ano para o patamar atual.

Com a estabilidade da Selic, o Brasil mantém a liderança no ranking dos países com maior juro real do planeta (4,5% ao ano), deixando em segundo lugar a Indonésia (2,6%), de acordo com a consultoria UpTrend. O Copom volta a se reunir em 27 e 28 de abril.

"O BC mostrou que ainda vai esperar o IPCA de março e as prévias de abril para confirmar a deterioração dos preços", diz a economista-chefe da ICAP Brasil, Inês Filipa. Mesmo com o juro estável, ela acredita que as projeções para a inflação em 2010 e 2011, que estão subindo semana a semana, devem arrefecer. "A ata da reunião deverá ser bem conservadora, o que deve ser suficiente para ancorar as expectativas. A tendência é que o IPCA em 2011 volte para 4,50%", diz. Na segunda-feira, a pesquisa Focus do BC mostrou que o mercado espera inflação de 5,03% neste ano e 4,60% em 2011. Em ambos os casos, a projeção está acima do centro da meta de 4,50%.

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