O fim da exposição cambial na dívida pública interna em títulos é uma boa notícia porque diminui a vulnerabilidade da economia e aumenta a confiança dos investidores. No entanto, a redução poderia ter sido feita de forma mais gradual, pois não existe no curto prazo perspectivas de valorização do dólar e os custos de se livrar desse passivo são muito altos. A opinião é do economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e chefe do departamento econômico da Confederação Nacional do Comércio.
Segundo Freitas, para se desfazer dos títulos da dívida interna indexados ao câmbio, o BC recorreu principalmente aos contratos de swap reverso, pelos quais assume posições futuras da moeda americana e oferece às instituições financeiras uma rentabilidade atrelada à taxa de juros. Como os juros ficaram praticamente estáveis em 2005 e o dólar caiu mais de 12%, as operações geraram perdas para o Banco Central.
- Do ponto de vista fiscal, seria mais prudente diminuir a exposição cambial com uma velocidade menor. O Banco Central pagou caro pela diferença entre os juros e o câmbio - afirmou Freitas.
O economista observa que, apesar da eliminação da parcela da dívida pública interna atrelada ao câmbio, o Brasil continua exposto às oscilações do dólar pelo lado da dívida externa, hoje na casa de US$ 181 bilhões (considerando a dívida total). Mas ele enfatiza que o atual fluxo de entrada de dólares - decorrente sobretudo das exportações - torna improvável uma alta da moeda americana neste ano. Freitas acha que as operações de swap reverso estão com os dias contados, pois, além de gerarem perdas para o Banco Central, elas se mostraram ineficazes para evitar a queda do dólar. "Trata-se de um duelo vão", comentou.