O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, previu uma acomodação no futuro do crescimento do crédito, mas ponderou que o tempo desse processo é diferente do prazo que o aumento da taxa Selic tem impacto na economia. Segundo ele, outras variáveis importantes influenciam o crédito. Entre essas variáveis, o chefe do Depec citou a confiança do consumidor, disponibilidade da oferta de crédito e situação de emprego e renda. Já uma mudança na taxa Selic promovida pelo BC leva entre seis e nove meses para ter impacto na economia. Por isso, o chefe do Depec não fez previsões de quando ocorrerá uma acomodação da expansão do crédito na economia brasileira.

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"Se há economia temos uma situação de emprego bastante favorável as pessoas podem comprometer a sua renda com uma prestação", ressaltou. Nesse quadro, acrescentou Altamir Lopes, as pessoas podem tomar crédito, mesmo em uma situação de taxas mais elevadas de juros. "Se a pessoa tem renda para bancar e prazos mais dilatados, ela pode bancar (o empréstimo). É isso que estamos vendo", disse.

O chefe do Depec ponderou, no entanto, que um quadro de dilatação de prazos dos empréstimos em um cenário de taxas mais elevadas de juros tem limites. "Não é possível dilatar prazos o tempo todo", disse. Ele citou como exemplo o financiamento para a aquisição de veículos. "A partir de uma certo ponto,o banco não tem como recuperar o bem se o tomador inadimplir", justificou.

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A migração das grandes empresas para o crédito direcionado tem feito com que a inadimplência das pessoas jurídicas no financiamento com recursos livres se mantenha num patamar mais elevado do que antes da crise financeira. É que essas maiores empresas, que têm um histórico melhor de bom pagamento, conseguiram mais crédito direcionado depois da crise e quitaram suas dívidas no crédito livre, explicou Altamir.

"O que ficou no crédito com recursos livres foi um carteira de risco um pouco mais elevada", disse Altamir. Ele previu que à medida que as empresas retornem para o crédito livre, haverá uma redução da inadimplência das pessoas jurídicas.

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