O Banco Central quer evitar que executivos de instituições financeiras adotem estratégias que deem lucros no curtíssimo prazo, mas que podem deteriorar a saúde econômica dos bancos no médio e longo prazo. A proposta de uma nova legislação para a remuneração dos executivos do setor financeiro diz que os bônus desses profissionais terão de ser vinculados ao desempenho da instituição em horizonte mínimo de três anos. Os pagamentos, que costumavam ser anuais e feitos em uma única parcela, passarão a ser divididos pelo mesmo período mínimo de três anos.
O BC quer evitar situações como as que aconteceram em 2008 e 2009 nos Estados Unidos, onde grandes bancos apresentaram prejuízos bilionários e, mesmo assim, seus executivos receberam bônus milionários previstos em contrato.
Os bônus pagos aos executivos terão, pela proposta do BC, de seguir duas premissas. Atualmente, 100% do bônus pode ser pago em dinheiro e à vista, mas a proposta quer que pelo menos 50% desse valor deve ser pago em ações da própria instituição ou instrumentos que acompanhem o valor da empresa. Essa parcela só será paga se a instituição financeira conseguir ganhar valor no mercado, como ter alta do preço de suas ações.
A outra premissa muda a periodicidade dos pagamentos dos bônus. Pela proposta, uma parcela de até 60% poderá ser paga no primeiro ano ao executivo. Os 40% restantes, porém, só poderão ser pagos nos dois anos seguintes. Dessa forma, o BC quer vincular o pagamento dessas parcelas adicionais ao desempenho da empresa. Se o banco der prejuízo nesse período, o executivo deixa de ter direito ao bônus.