O Banco Central (BC) reafirmou que ainda não há espaço para cortar os juros por causa da inflação alta. De acordo com a ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (16), a alta de preços ainda está num patamar que impede a flexibilização dos juros.
Mas, por outro lado, os exercícios feitos pelo BC mostram que o Copom já conseguiu colocar as previsões para a inflação no ano que vem na meta de 4,5%. Segundo a ata, nos cálculos dos técnicos, se a Selic fosse mantida no patamar atual e o dólar continuasse na casa dos R$ 3,60, o objetivo seria alcançado em 2017.
“Já para 2017, houve redução da projeção no cenário de referência, que atinge a meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)”, diz o documento que, por outra parte, deixou a previsão para a inflação de 2016 ainda maior e distanciou-a mais da meta. O dado, no entanto, não aparece no documento. Ele só é citado no relatório de inflação do BC.
Mais uma vez, o Copom culpou a indefinição fiscal pela desancoragem da inflação e reafirmou que esse é o maior risco para o controle de preços. No entanto, mudou o que disse sobre a política fiscal na ata de abril. O comitê retirou o trecho que diz que a situação das contas públicas “contribui para acentuar a percepção negativa sobre o ambiente macro econômico, além de impactar negativamente as expectativas de inflação”.
Variáveis fiscais
O Copom reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias recentemente anunciadas para as variáveis fiscais. Ou seja, o rombo de R$ 170 bilhões para este ano e a promessa de transparência, pagamento de pedaladas e também compromisso de não alterar a meta fiscal.
“Ressalte-se a importância de se garantir uma trajetória de resultados primários que permita a estabilização e a posterior redução do endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico, para melhorar a confiança dos agentes e para contribuir para a ancoragem das expectativas de inflação”, incluíram os diretores no texto.
Sem mexer nos juros
Na semana passada, os diretores do Banco Central fizeram o que previa o mercado financeiro: deixaram estável o juro básico em 14,25% ao ano. Foi o último Copom da gestão de Alexandre Tombini à frente da autoridade monetária. Ele deixa o cargo com a inflação acumulada nos últimos 12 em 9,32%. A meta para este ano é de 4,5% com uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais.
De acordo com os economistas, entretanto, a recessão econômica, a alta do desemprego e queda do consumo tende a frear os preços daqui para frente. A troca de comando do BC aumenta essa expectativa. O novo presidente, Ilan Goldfajn, defende a volta do tripé econômico: inflação controlada, política fiscal austera e câmbio flutuante.
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