O Banco Central reduziu nesta segunda-feira (30) a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano a 2,5%, ante 2,7% previstos até então, ao mesmo tempo em que melhorou ligeiramente sua perspectiva para a inflação em 2013 e piorou para 2014.
No relatório de março, o BC esperava uma alta de 3,1% do PIB. Para o acumulado em 12 meses até o segundo trimestre de 2014, o BC estima uma alta também de 2,5%. A estimativa do BC é igual à do Ministério da Fazenda, que projetou no relatório de despesas e receitas do Orçamento de 2013 um crescimento de 2,5% do PIB.
A estimativa do mercado financeiro, no entanto, divulgada também nesta segunda-feira, 30, pelo BC, no boletim Focus, é de um crescimento da economia este ano de 2,4%. No primeiro ano do seu governo, a presidente conseguiu um crescimento de 2,7% e, no segundo, de apenas 0,9%.
Inflação
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação, o IPCA ficará em 5,8% neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 6,0%, e em 5,7% em 2014, ante estimativa anterior de 5,4%. Em 2012, segundo ano do governo Dilma, o IPCA fechou em 5,84% e em 6,50% em 2011, no primeiro ano do seu mandato.
Ao longo de 2013, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeram em várias ocasiões uma inflação menor em 2013 do que em 2012. A queda da inflação este ano também foi uma promessa da presidente Dilma.
Mesmo com o recuo, a estimativa do IPCA ao final deste ano está ainda muito distante do centro da meta de inflação estabelecida pelo próprio governo, de 4,5%. Para o IPCA acumulado em 12 meses até o terceiro trimestre de 2015, já no próximo governo, o BC projeta uma inflação de 5,5%.
Câmbio
O BC passou a usar uma cotação para o dólar de R$ 2,35 segundo o relatório. O valor é menor do que o da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no qual o cenário de referência levou em consideração uma taxa de câmbio de R$ 2,40 e taxa Selic em 8,50%.No relatório de inflação anterior, de junho, o parâmetro utilizado no cenário de referência era de R$ 2,10.
A nova cotação de R$ 2,35, incluída hoje no relatório de inflação, tem como data de corte o dia 6 de setembro. O valor é mais alto do que o do fechamento do dia de corte. Em 6 de setembro, o dólar à vista fechou em R$ 2,3070 e o dólar para outubro, em R$ 2,3175.
As projeções do BC do relatório desta segunda-feira, 30, leva em conta a meta para a taxa Selic de 9,00%. Na ata do Copom, a projeção levava em consideração uma taxa Selic de 8,50%. Em agosto, a moeda renovou valores recordes ao longo de vários dias antes que o BC anunciasse um programa regular de intervenção.
O dólar chegou a bater a marca de R$ 2,45 - valor recorde em cinco anos. Mas, no dia 22 de agosto, o BC anunciou um programa de US$ 100 bilhões para dar liquidez ao mercado cambial, o que freou a subida da moeda norte-americana.
A medida ocorreu poucos dias antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no dia 28, que elevou de 8,5% para 9% a taxa Selic. Em setembro, o dólar recuou mais com a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter inalterado os estímulos à economia dos Estados Unidos.
O valor determinado pelo colegiado para constar no relatório é mais alto do que ao da cotação do dia de corte, o que, na prática muda a ação do BC para o uso dessas projeções, que vinha usando valores mais baixos.
Nos últimos meses, o Broadcast vem ressaltando a decisão da autoridade monetária de optar por utilizar parâmetros para suas projeções distantes das variáveis de mercado. No Relatório Trimestral de Inflação de março, os valores considerados para o cenário de referência foram de R$ 1,95 para a taxa de câmbio e de 7,25% para a taxa Selic.