A inflação brasileira continua elevada e deve subir no curto prazo e continuar alta em 2015, sob a pressão do câmbio e dos preços administrados, mas ainda no próximo ano ela entra em um "longo período de declínio", informou o Banco Central nesta quinta-feira (11).
Por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC justificou a decisão de acelerar "neste momento" a alta da Selic a 0,5 ponto percentual na semana passada, para 11,75% ao ano, argumentando que o balanço de riscos para a inflação está "menos favorável".
Mas repetiu que os efeitos cumulativos e defasados da política monetária sustentam a visão de que o "esforço adicional" deve ser feito com "parcimônia". Na semana passada, boa parte dos especialistas havia entendido que o BC deixara em aberto a possibilidade de voltar a desacelerar em breve o aperto.
Isso porque, na avaliação deles, o BC estaria à espera de sinais concretos de como será a política fiscal da nova equipe econômica, formada por Tombini e os ministros indicados Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).
O novo ciclo de aperto começou em outubro passado, quando o BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual.
As colocações na ata repetem parte do discurso feito por Tombini na terça-feira (09) em audiência pública no Congresso Nacional, quando já havia dito que a inflação continuaria pressionada nos próximos meses, mas que o BC trabalha para colocá-la em trajetória de convergência para o centro da meta até final de 2016.
Pela ata, o Copom também defendeu que a política fiscal tende a ir para a "zona de neutralidade", mas não descarta que possa ir para "a zona de contenção fiscal".
Tombini já havia dito que a meta de superávit primário de 2015, recentemente anunciada, é neutra ou "ligeiramente contracionista". "Quanto mais apertada a política fiscal, tanto melhor para a autoridade monetária", afirmou.
O BC também não piorou suas projeções de inflação pela ata. Sem citar números, pelo cenário de referência, informou que a inflação reduziu em 2014 e manteve-se "relativamente estável" em 2015, mas se encontram acima do centro da meta, de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos porcentuais para mais ou menos.
E repetiu que, nos três primeiros trimestres de 2016, "apesar de indicarem que a inflação entra em trajetória de convergência", as projeções também estão acima da meta.
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