O Banco Central voltou a cortar o juro básico da economia e praticamente anulou todo o aumento da taxa realizado no início do ano. Na terceira queda seguida, a Selic foi reduzida ontem em 0,5 ponto, para 11% ao ano, exatamente como esperava a maioria dos economistas. Com o objetivo de reduzir o impacto da crise global sobre o Brasil e acelerar a economia, os juros caíram 1,5 ponto desde agosto. No início do ano, antes das altas do primeiro semestre, a taxa básica estava em 10,75%.
Unânime, a decisão do BC tenta "mitigar tempestivamente" os efeitos vindos de um ambiente global "mais restritivo", cita o comunicado divulgado após a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom). O texto diz que "um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012". A próxima reunião do Copom será em 17 de janeiro.
Diante de novos sinais de que a economia brasileira avança cada vez mais devagar, o juro seguiu em trajetória de queda para diminuir o custo dos financiamentos e, assim, incentivar a demanda interna. Para atingir esse objetivo, os cortes devem continuar nos próximos meses. Mais do que isso: economistas dizem que o quadro externo pode fazer até com que BC aumente a dose do remédio.
A redução dos juros acontece a despeito de a inflação seguir fora da meta. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 6,97%, acima do teto de 6,5%. Apesar disso, o BC entende que os preços têm subido menos nas últimas semanas especialmente porque a economia brasileira gira mais devagar.
Com menor dinamismo no Brasil, o BC crê que o ano vai terminar com inflação dentro da meta e os preços desacelerarão ainda mais em 2012. A análise ganhou força recentemente com a deterioração do quadro externo. Essa leitura, porém, ainda encontra resistência no mercado financeiro, que prevê inflação mais forte que a esperada pelo BC.
Outras medidas
Além de reduzir os juros, o Banco Central também já retirou algumas restrições ao crédito, inclusive nas operações com veículos e desconto em folha de pagamento. Também se espera redução de impostos sobre financiamentos ao consumo, entre outras medidas que podem ser anunciadas ainda neste ano.