O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reiterou nesta quarta-feira que o governo planeja emprestar cerca de 20 bilhões de dólares das reservas internacionais para mais de 4 mil empresas brasileiras com problemas relacionados a dívidas no exterior.
O novo instrumento, criado para amenizar o impacto da crise de crédito global no país, estará disponível neste mês para qualquer empresa brasileira com dívidas no exterior com vencimentos a partir de setembro de 2008, quando a crise se aprofundou, até o fim de 2009, explicou Meirelles.
O BC já emprestou cerca de 13 bilhões de dólares ao mercado no último trimestre de 2008 e esse tipo de financiamento, por meio de leilões com compromisso de recompra e para exportadores, continuará a ser feito em 2009, segundo Meirelles.
O BC vendeu 11,6 bilhões de dólares no mercado à vista no mesmo período.
O presidente do BC disse que a instituição planeja usar os empréstimos para companhias brasileiras para compensar o declínio da oferta de crédito estrangeiro para companhias brasileiras e consequentemente também reduzir os custos de financiamento no mercado doméstico.
"A oferta de crédito doméstico está normalizada mas o preço e as condições ainda estão muito elevados", disse Meirelles a repórteres e investidores em um evento organizado pela Brazilian-American Chamber of Commerce em Nova York.
"Uma das razões mais importantes (para os juros elevados) é que o crédito externo não está normalizado totalmente e portanto o crédito doméstico é pressionado pelas empresas que não conseguem fazer rolagem no exterior e tomam empréstimo no Brasil", acrescentou.
Antes da crise de crédito global ter atingido os mercados emergentes, as empresas brasileiras estavam rolando toda sua dívida externa e tomando empréstimos no exterior, a uma taxa de 120 a 130 por cento das obrigações em vencimento.
Essa taxa caiu para 22 por cento após o colapso do Lehman Brothers, que devastou os mercados de crédito globais. Ela vem se recuperando vagarosamente desde então, segundo Meirelles, encerrando o ano a 50 por cento das obrigações vencendo.
"Nos primeiros dias de janeiro, essa taxa de rolagem estava ainda mais alta mas nós não temos certeza se esse nível é sustentável", disse o presidente do BC.