O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: ata do Copom repetiu alertas sobre inflação “desancorada” e indicou manutenção dos juros altos por mais tempo.| Foto: André Ressel/BCB
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que a apresentação da proposta de arcabouço fiscal reduziu as incertezas em relação à política fiscal do governo. Por outro lado, o colegiado diz ver "com preocupação" o movimento das expectativas de inflação, que "seguem desancoradas das metas", e promete "perseverar" até que se consolide o processo de desinflação e ancoragem das projeções.

Os comentários constam da ata da última reunião do Copom, finalizada na última quarta-feira (3), quando o comitê decidiu mais uma vez manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, patamar em que está desde agosto de 2022.

Em meio a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros sobre a política monetária do BC, a ata divulgada nesta terça (9) não dá margem a especulações sobre uma queda dos juros no curto prazo. Ao contrário, reforça alertas anteriores feitos pelo Copom e por seus integrantes, como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em especial sobre o comportamento das expectativas para a inflação, que seguem acima das metas perseguidas pela autoridade monetária.

O texto da ata diz que a inflação ao consumidor continua elevada e que "os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta".

Embora afirme que a apresentação do novo regime fiscal reduziu a incerteza associada a "cenários extremos de crescimento da dívida pública", o Copom diz que acompanhará a tramitação e implementação do arcabouço, enfatizando que "não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal".

No trecho final do documento, o comitê diz que "segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação".

O colegiado avisa que "irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas" e que, embora seja menos provável, "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste [isto é, alta de juros] caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".

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XP e Bradesco não esperam queda de juros nas próximas duas reuniões

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Em relatórios publicados nesta manhã, após a divulgação da ata, casas como a XP Investimentos e o banco Bradesco indicaram não ver chance de queda da taxa Selic nas próximas duas reuniões do Copom, marcadas para junho e agosto.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, a ata indica que a Selic ficará estável "por um bom tempo". "Esse parece o plano de voo do BC. Certamente nenhum sinal de corte de juros para a próxima reunião do Copom. Agosto também não parece estar no radar hoje para cortes, mas vamos ver como evolui o cenário até lá", escreveu Megale em mensagem a clientes.

Na avaliação do departamento econômico do Bradesco, "o comitê avaliou que a conjuntura segue demandando paciência e serenidade, não trazendo sinais de que poderá iniciar a flexibilização monetária no curto prazo". "Seguimos projetando início do ciclo de corte de juros em setembro e a taxa Selic encerrando o ano em 12,25%, a depender da evolução dos dados", diz relatório do banco.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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