De pátios cheios, montadoras despontam como um dos setores que mais sente os efeitos da crise internacional| Foto: Valterci Santos/Arquivo/ Gazeta do Povo

Recessão de 2009 foi mais suave, diz IBGE

A recessão enfrentada pelo país em 2009 – sob a influência da crise financeira internacional desencadeada em 2008 – foi um pouco mais suave do que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontava até agora. O órgão divulgou ontem a revisão definitiva do desempenho do PIB em 2009 e mostrou que a economia recuou 0,3% naquele ano, contra -0,6% na última estimativa preliminar do IBGE.

Roberto Olinto, coordenador de contas nacionais do IBGE, explicou que é normal mudanças nas estimativas do valor adicionado produzido pela economia num ano ser revisado após a atualização e maior detalhamento de dados de diversas fontes, principalmente das empresas e seus investimentos. O técnico do IBGE minimizou a influência que uma revisão positiva do PIB de 2009 terá sobre a revisão do resultado de 2010, cujo índice de 7,5% será revisto nos próximos dias. Há a expectativa de que uma revisão para cima do resultado do ano passado possa também favorecer o resultado de 2011, que o governo que ver acima de 3%.

Revisão

O PIB industrial e o do setor agropecuário de 2009 tiveram a queda suavizada na revisão do IBGE. O primeiro ficou com índice definitivo de -5,6% em vez de -6,4% e o segundo, de -3,1% em lugar de -4,6%. O setor de serviços teve o crescimento ligeiramente reduzido, passando de 2,2% para 2,1%.

Pelo lado da demanda, a expansão do consumo das famílias foi revisada de 4,2% para 4,4%. O consumo do governo passou de 3,9% para 3,1% e a Formação Bruta de Capital Fixo, que traduz investimentos físicos, ficou em -6,7%, ante -10,3% na estimativa anterior.

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País estaciona em ranking de competitividade

A nota do Brasil em termos de competitividade subiu de 2009 para 2010, de acordo com índice elaborado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Mesmo assim, o país se mantém em 37.º lugar, em uma lista de 43, desde 2008. Segundo o diretor da Fiesp José Ricardo Roriz Coelho, boa parte dos países que compõem o índice avançou mais rápido que o Brasil nos últimos anos – foi o caso de Coreia do Sul, hoje em sexto lugar, Rússia (25.º) e China (28.º). Aumento do investimento, acúmulo de reservas e crescimento dos gastos em educação melhoraram a competitividade do Brasil, enquanto a carga tributária e a queda das exportações de manufaturas e de alta tecnologia puxaram o Brasil para baixo. A nota do Brasil – que aumentou 0,5 em 2010 – é de 24,8, num ranking em que quanto mais próximo de 100, mais competitivo.

A economia diminuiu de tamanho no terceiro trimestre. Levantamento do Banco Central indica que a atividade econômica caiu 0,32% na comparação com o período entre abril e junho. Essa foi a primeira retração desde o primeiro trimestre de 2009 quando o país girava no turbilhão da crise passada.

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O dado negativo era esperado. Agora, analistas aguardam o efeito da ação do governo para incentivar a economia. Se as medidas forem bem-sucedidas, o país volta a crescer. Mas, se a crise ganhar força, o Brasil pode fechar o ano em recessão.

Divulgado ontem, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) confirma a leitura da própria instituição de que, após o rápido crescimento em 2010 e a moderação no primeiro semestre, o Brasil sentiria a piora do quadro internacional de maneira mais pronunciada. A queda do IBC-Br é prenúncio de retração do Produto Interno Bruto (PIB), já que o dado é considerado uma prévia do indicador que mede o tamanho da economia.

O recuo da atividade é reflexo de indicadores como os elevados estoques das empresas e a queda na produção industrial. Nem mesmo a ligeira expansão de 0,02% em setembro ante o mês anterior foi suficiente para anular a retração de agosto, quando a economia apresentou o pior desempenho desde dezembro de 2008. "O dado confirma indicadores que sinalizavam enfraquecimento de vários setores", disse a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansa­­nelli.

Os pátios cheios mostram que as montadoras despontam como um dos segmentos que, atualmente, mais sofrem com a crise. Além disso, o ambiente turbulento tem colocado na gaveta planos de investimentos dos empresários, o que também prejudica a demanda interna.

Recessão

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A retração trimestral preocupa o governo porque é o primeiro passo para uma recessão. Como os rumos da Europa são completamente imprevisíveis e a demanda interna pode continuar patinando, há chance de o último trimestre ter nova diminuição da atividade econômica. Com temor de que o primeiro ano do governo Dilma Rousseff termine com dois trimestres seguidos de queda do PIB – situação que tecnicamente configura a recessão, o governo age para tentar reverter a situação.

Primeiro, reduziu os juros em agosto. Na semana passada, incentivou operações de crédito para consumo e, agora, estuda cortar impostos para baratear financiamentos e reduzir a obrigação que bancos têm de manter dinheiro no BC, o que elevaria a oferta de empréstimos. Para Maristella, do Banco Fibra, as ações do governo podem gerar efeito a tempo e a economia pode crescer entre 0,3% e 0,5% no último trimestre, o que afastaria a recessão.