O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaçou punir os bancos que pouparam dinheiro do depósito compulsório e não estão repassando esses recursos na forma de empréstimos aos clientes. "O Banco Central vai ter que tomar uma atitude e tomar o dinheiro de volta, pegar o compulsório outra vez. Porque o governo só vai liberar o dinheiro na medida em que houver a concessão dos empréstimos", disse o presidente, em entrevista à imprensa em Nova Délhi, na Índia.
Lula insistiu que foram colocados à disposição do sistema financeiro R$ 100 bilhões. "Temos que garantir liquidez para que, se a pessoa for ao banco pegar dinheiro, o dinheiro esteja lá para ela tomar o empréstimo." Na entrevista, Lula disse que seu lema passou a ser: "Contra a crise econômica, mais produção, mais mercado interno e novos parceiros. É assim que vamos sair da crise".
No trecho de improviso do discurso que fez na reunião principal do encontro entre governantes do Brasil, Índia e África do sul, em Nova Délhi, o presidente Lula usou uma metáfora para defender a necessidade de união dos países menores. Ao reafirmar sua convicção de que as economias desenvolvidas foram incompetentes para resolver a crise, ele disse que é necessária uma "revolta dos bagrinhos", na qual os países menos desenvolvidos se uniriam para fortalecer suas posições e conseguir mudanças no sistema financeiro internacional. "Essa crise já está há mais de um ano rodando nas notícias dos jornais, obviamente que eles sabem que isso poderia ter sido evitado se eles assumissem a responsabilidade pela crise antes". Lula participou na Índia da 3ª Reunião de Cúpula do Ibas, com os chefes de governo da Índia e da África do Sul.
Empresas
O governo também já se prepara para socorrer empresas que estejam em dificuldades causadas por apostas erradas no mercado de câmbio. As informações do Planalto são que entre 220 e 250 companhias correm o risco de sofrer grandes prejuízos com derivativos cambiais que apostavam na continuidade do dólar baixo.
"O governo não vai deixar nenhuma empresa desassistida, mas também não vai passar a mão na cabeça de ninguém", disse o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Segundo ele, se forem necessárias, serão tomadas "medidas legais, com todas as garantias".
Nas últimas semanas, várias empresas anunciaram grandes perdas com a aposta na queda da moeda norte-americana, entre elas a Sadia, com prejuízos de R$ 760 milhões, a Aracruz, que perdeu R$ 1,95 bilhão, e a Votorantim, com perda de R$ 2,2 bilhões.