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Relatório

BC vê risco de inflação ligada ao aumento dos salários

O Banco Central (BC) está atento às negociações entre trabalhadores e empresas, especialmente às categorias que têm conseguido aumentos expressivos de salário. No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, os diretores da instituição dizem que "um risco importante para a dinâmica dos preços ao consumidor advém da dinâmica dos salários". O risco, cita o BC, está nas negociações que embutem a elevada inflação dos últimos 12 meses.

"De fato, há concentração de negociações salariais importantes neste segundo semestre, quando a inflação acumulada em 12 meses se encontra bastante elevada. Nesse contexto, o risco para a dinâmica dos preços reside na possibilidade de as negociações salariais atribuírem um peso excessivo à inflação passada", cita o documento, ao comentar que salários maiores podem aumentar a demanda e, consequentemente, a inflação.

Nesse trecho do texto, os diretores do BC chamam a atenção para o fato de que as negociações usam como referência a inflação anterior, "em detrimento da inflação futura, a qual, cabe notar, tende a recuar a partir do quarto trimestre e a ser marcadamente menor do que a inflação passada".

Outro ponto que chama atenção do BC é o salário mínimo. No texto os diretores afirmam que "os aumentos previstos para o salário mínimo nos próximos anos podem impactar direta e/ou indiretamente a dinâmica de outros salários e dos preços ao consumidor".Inflação passada

O Banco Central também destaca que o maior risco para inflação futura é a transmissão para os preços da inflação passada. Esse risco ocorre no contexto de estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho e de descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. O relatório ponderou que esse descompasso é decrescente.

No documento, o BC pondera que a moderação da atividade econômica doméstica ora em curso, ao menos em parte, contrabalança os efeitos das fontes de pressões inflacionárias. Além disso, o relatório enfatiza que o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado e se encontra abaixo do nível de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do chamado "hiato do produto" (potencial de crescimento sem inflação) e para conter pressões de preços.

De acordo com o cenário prospectivo para a inflação, a recente revisão do cenário para a política fiscal também se apresenta como fator de contenção das pressões inflacionárias.

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