O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou hoje que é essencial atenção para o aquecimento da economia em alguns setores, os quais poderiam comprometer avanços já conquistados no pós-crise.
Segundo ele, para que as perspectivas positivas que existem hoje no País realmente se concretizem, é preciso ter clareza e atenção com relação ao curto prazo. "Alguns setores estão com capacidade produtiva em patamar elevado, superando recordes históricos", afirmou o diretor durante o seminário Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2011, no Rio de Janeiro, do qual participa em substituição ao presidente do BC, Alexandre Tombini.
"É natural que um contexto de liquidez nos mercados internacionais e um cenário ainda de incertezas nas economias maduras contribuam de forma significativa para o influxo de recursos para o Brasil, onde a perspectiva de crescimento para os próximos anos é extremamente positiva. E, por mais que o Banco Central intensifique sua política de acumulação de reservas, sempre há uma parcela desses recursos que permanece no mercado. E esta parcela vinha ampliando-se nos últimos meses, alimentando uma expansão não tão saudável do mercado de crédito, de consumo, correndo o risco de propiciar o surgimento de bolhas e distorções exageradas nos preços de ativos, inclusive da taxa de câmbio", explicou ele. "É nesse contexto que se inserem as medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central desde dezembro de 2010, cujo objetivo é garantir a solvência, solidez e principalmente a estabilidade do sistema financeiro nacional a curto, médio e longo prazos."
Silva afirmou que o momento atual requer moderação, para que a trajetória de crescimento sustentável seja mantida e os ganhos para a estabilidade econômica não sejam desperdiçados. Segundo ele, o varejo está com patamar de produção elevado e já falta mão de obra em alguns setores. O diretor alertou para o risco de aquecimento de alguns mercados. "É importante suavizar o ritmo de crescimento da demanda para que não haja pressão sobre preços", afirmou.