A recuperação da zona do euro (grupo dos 16 países que adotam o euro como moeda) provavelmente será mais forte do que as autoridades do Banco Central Europeu (BCE) previam, mas a inflação deve permanecer abaixo da meta de "pouco abaixo de 2% no médio prazo" até 2011, mostrou o boletim mensal da autoridade monetária, divulgado nesta quinta-feira (12). A mais recente Pesquisa com Prognósticos Profissionais do BCE mostrou que as expectativas para a inflação em 2011 estão em 1,6%, semelhante à pesquisa do terceiro trimestre e a menor taxa desde o início da série histórica, em 1999.
A estimativa mostra que o BCE tem poucos motivos para elevar o juro em breve, uma vez que a meta do banco central considera uma inflação de 1,7% a 1,9% num horizonte de 18 meses, disseram economistas. Mas os 56 prognósticos consultados na pesquisa mostram elevação na projeção para o Produto Interno Bruto (PIB), e esperam agora contração de 3,5% em 2009 e expansão de 1,0% em 2010. A projeção anterior era de contração de 4,5% este ano e crescimento de 0,3% no próximo.
Ainda que a projeção para o PIB tenha melhorado, pode demorar algum tempo até que a economia da zona do euro retorne ao normal. Autoridades do BCE citaram no boletim mensal o declínio do emprego e mencionaram que qualquer recuperação nos EUA pode demorar meses até ser sentida na Europa. "Em média, demora dois trimestres para uma desaceleração nos EUA ser transmitida para a zona do euro, enquanto que leva seis trimestres para uma retomada se propagar", disse o BCE em nota de pesquisa publicada no boletim de novembro.
A economia da zona do euro em 2010 vai se recuperar "em ritmo gradual" e as expectativas de inflação permanecem "firmemente ancoradas", disse o BCE no editorial do boletim, amplamente repetindo comentários recentes do presidente do banco central, Jean-Claude Trichet. Com base nesse cenário, as taxas de juro na região estão "apropriadas", disse o BCE. Mas a autoridade monetária afirmou que algumas das medidas especiais de liquidez não serão necessárias por muito tempo.
As medidas extraordinárias serão eliminadas em etapas "de forma gradual e oportuna", disse o BCE no boletim, mas alertou que "manter uma política acomodatícia por muito tempo pode provocar pressões inflacionárias no futuro, e abre o caminho para futuros desequilíbrios nos mercados financeiros".