O Banco Central Europeu (BCE), preocupado com os problemas de liquidez das entidades bancárias da Eurozona, lançará na quarta-feira (21) sua primeira operação de empréstimos a três anos para colaborar com o refinanciamento dos Estados.
Segundo especialistas, esta foi a maneira que a instituição encontrou para atuar de maneira mais incisiva ante a crise sem sair de seus princípios regulatórios, que implicam basicamente em conter a inflação no médio prazo.
Até o momento, o BCE concedia apenas empréstimos com o prazo máximo de 13 meses. Já esses empréstimos, além de serem de longo prazo, não terão limites de valor e possuirão uma taxa de 1%, possibilitando os bancos de ampliarem suas concessões de crédito às empresas e pessoas para sustentar o crescimento.
"Esse anúncio ampliou as esperanças de que a ajuda às economias em maior dificuldade da região aumentará", afirmou Ben May, da Capital Economics.
Na França, o Palácio do Eliseu, sede da presidência, afirmou em um comunicado que, com o empréstimo, "cada Estado poderá socorrer seus bancos".
Para os bancos, endividar-se a 1% e investir esse dinheiro por exemplo em títulos com rendimentos de até 7% - como é o caso das obrigações a dez anos italianas - pode ser uma operação muito rentável, disseram Simon Samuels e Mike Harrison, analistas do Barclays Capital.
Contudo, o presidente do BCE, Mario Draghi, afirma que comprar dívida dos Estados pode ser rentável, mas também traz riscos. "A Grécia, por exemplo, declarou a cessação parcial do pagamento de sua dívida", disse.
Para Draghi, as entidades devem tranquilizar os mercados com relação ao estado de suas finanças e aumentar seus fundos próprios para enfrentar a crise, levando em conta que possuem vencimentos muito importantes em 2012.
Apenas no primeiro trimestre de 2012 haverá vencimento de 230 bilhões de euros em obrigações bancárias.
"No momento, a principal preocupação da maioria dos bancos nas economias com dificuldades da região é encontrar dinheiro suficiente para pagar seus vencimentos e convencer que sua exposição à dívida soberana não é uma grande ameaça para sua solvência", disse Ben May.
Segundo analistas, os bancos devem endividar-se entre 100 e 400 bilhões de euros. Em junho de 2009, na primeira operação a um ano do BCE, a entidade concedeu 442,240 bilhões de euros.
Para os economistas, esta operação não é a solução para resolver a crise da dívida e o BCE deverá, no curto ou médio prazo, aumentar suas compras de obrigações públicas no mercado secundário para ajudar os Estados que precisarem.
De acordo com o BCE, no entanto, não é possível esperar da instituição a mesma postura que a do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o Banco da Inglaterra, que compram de forma ilimitada bônus do Tesouro de seus países, que por sua vez continuam colocando obrigações a um baixo custo, mesmo diante de uma economia em dificuldades.
"O mandato do Fed é garantir a estabilidade dos preços, mas também é estimular o crescimento e o emprego. Nossa função é mais restrita e implica em garantir a estabilidade dos preços no médio prazo", disse Draghi na segunda-feira ante a Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu.
Para Gilles Moec, economista do Deutsche Bank, o Tratado também diz que o BCE pode contribuir com as metas da política econômica caso isso não prejudique a estabilidade dos preços. "Por isso ele poderia fazer mais para sustentar o crescimento", afirmou.
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