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crise mundial

BCE reduz os juros e vê risco de recessão na zona do euro

Mario Draghi, presidente do BCE, animou e deprimiu os mercados no mesmo dia. No fim, prevaleceu o pessimismo | Daniel Roland/AFP
Mario Draghi, presidente do BCE, animou e deprimiu os mercados no mesmo dia. No fim, prevaleceu o pessimismo (Foto: Daniel Roland/AFP)

No dia em que começou uma reunião de líderes europeus para tentar salvar o euro e evitar que o continente caia em recessão, o Banco Central Europeu anunciou medidas emergenciais para evitar a paralisia do setor bancário. O BCE baixou os juros básicos pelo segundo mês consecutivo – de 1,25% para 1% ao ano – e facilitou os empréstimos para bancos, que estão em dificuldade e têm reduzido a oferta de dinheiro a empresas e consumidores, o que paralisa a economia.

Foi reduzido o porcentual de capital que os bancos têm de depositar no BCE, o que deve liberar 100 bilhões de euros para empréstimos.

Também foram flexibilizadas as condições para que bancos privados obtenham crédito da autoridade monetária: ativos com notas mais baixas (considerados menos seguros, portanto) serão aceitos como garantia. Isso deve possibilitar financiamento a bancos de menor porte. Por fim, o prazo de financiamentos dos bancos passou de 13 para 36 meses.

O presidente do BCE, Mario Draghi, disse que as novas medidas foram necessárias devido à piora do cenário econômico e o risco cada vez maior de nova recessão. O banco prevê que a economia do continente possa encolher no próximo ano (-0,4%), ou crescer muito pouco (1% no máximo). A previsão anterior era menos pessimista: crescimento entre 0,4% e 2,2%. O BCE afirma também que cresceu o risco do chamado credit crunch, quando os bancos param de emprestar uns aos outros e para a chamada economia real (empresas e consumidores).

Draghi afirmou que a questão da crise da dívida deve ser resolvida pelos políticos, não pela instituição que preside. É a mesma posição alemã, que sustenta que os estatutos do BCE proíbem que ele financie diretamente países.

Bancos

A situação precária de muitos bancos foi evidenciada por um relatório divulgado ontem pela Autoridade Bancária Europeia, que regula o setor. Foram analisadas 71 instituições e constatou-se que 31 delas precisam de 114,7 bilhões de euros (R$ 353 bilhões) para se recapitalizar e cumprir as metas de segurança da instituição. O valor cresceu frente ao que foi identificado em setembro (106 bilhões de euros). Os bancos terão até janeiro para apresentar um plano de recapitalização. O agravamento foi pior para os alemães, cujo buraco nas contas subiu de 5,2 bilhões de euros para 13,1 bilhões de euros.

Os testes de estresse nos bancos, como o divulgado na Europa, são um dos frutos da quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, que detonou a crise global. Eles são um instrumento para medir a capacidade dos bancos de reagir a novos choques, como uma recessão econômica profunda ou a quebra de uma instituição financeira. Após a quebra do Lehman Brothers, os governos mundiais puseram centenas de bilhões de dólares nos bancos para impedir novas quebras. Os testes são um medidor para impedir que o contribuinte tenha que resgatá-los novamente.

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