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Relatório

BCs alertam emergentes sobre riscos de aquecimento

Países emergentes, como o Brasil, devem ficar atentos aos riscos potenciais do crescimento econômico, cuja euforia pode ser seguida de laxismo, descontrole fiscal, crise financeira e recessão, a exemplo do cenário que hoje afeta países desenvolvidos da Europa. A advertência foi feita em relatório distribuído ontem, em Basileia, na Suíça, pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), o fórum de deliberações dos presidentes de bancos centrais de mais de 30 países do mundo. Segundo a instituição, as economias em ritmo acelerado de desenvolvimento apresentam sintomas semelhantes ao período pré-crise na Irlanda, Espanha e Reino Unido.

Para o BIS, o momento deve ser de cautela para as economias emergentes, apesar dos altos índices de crescimento e da euforia que os acompanha. "As economias de mercado emergentes escaparam da última crise", constata a instituição. "Agora precisam tomar nota daquela que é provavelmente a lição mais importante: é melhor prevenir do que remediar. Assim, poderão evitar sua própria crise."

Inflação

Os técnicos da instituição alertam que o mundo emergente começa a verificar desequilíbrios macroeconômicos que precisam ser enfrentados. O primeiro deles diz respeito às pressões inflacionárias, que se verificam em diversas regiões do mundo, inclusive no Brasil. Para tanto, o BIS sugere que os bancos centrais iniciem desde já um processo de endurecimento das políticas monetárias, elevando os juros e mantendo a flexibilidade das taxas de câmbio. Para evitar surpresas, o BIS recomenda a redução do ritmo de crescimento. "Bancos centrais devem estar preparados para elevar suas taxas de juros", diz a instituição, advertindo para o preço elevado das commodities e para o superaquecimento da economia. "As pressões inflacionárias globais estão crescendo."

Outro motivo de preocupação em relação aos emergentes é a comparação com países em crise. Segundo o BIS, um exemplo concreto é o mercado imobiliário. Entre 2002 e 2006, lembra o relatório, o preço médio dos imóveis subiu 15% na Espanha, 11,1% no Reino Unido e 10,2% na Irlanda – países hoje em crise ou com baixo crescimento do PIB. No período seguinte, entre 2006 e 2010, o preço médio dos imóveis na China aumentou 11,3%. Também o crescimento do crédito preocupa pela semelhança. Enquanto no Brasil o aumento foi de 24,7% e na China, de 20,2% entre 2006 e 2010, na Irlanda e na Espanha a taxa de crescimento havia girado em torno dos 20% entre 2002 e 2006.

Regulação

Além de analisar a conjuntura macroeconômica, o BIS também deliberou neste fim de semana sobre a regulação do sistema financeiro internacional. O BIS e o grupo de presidentes e supervisores financeiros (GHOS) definiram que um grupo de pelo menos 30 instituições financeiras consideradas "grandes demais para falir" – por representarem riscos sistêmicos – deverão dispor de mais fundos próprios (o core capital) do que as demais instituições enquadradas pelas novas normas do acordo de Basileia 3, que será implementado entre 2013 e 2019.

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