Representantes de bancos centrais na Europa realizaram reuniões com altos executivos da área de finanças no final de semana para avaliarem os perigos do arriscado mercado de crédito imobiliário norte-americano para o sistema financeiro, disseram fontes do setor.

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Bancos Centrais restauraram no fim da sexta-feira uma certa tranqüilidade após o pânico dos mercados financeiros. As autoridades monetárias injetaram uma quantia sem precedentes de US$ 323 bilhões nos mercados que mostraram uma fuga de ativos por conta de exposições a complexos derivativos de crédito vinculados ao setor de crédito imobiliário de risco dos EUA.

O custo de empréstimos no mercado americano de fundos, um medida crítica das condições do sistema financeiro, despencou para 1% no fim da sexta-feira, bem abaixo da meta de 5,25% do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

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Temores não devem desaparecer no curto prazo

Isso mostra que grande quantidade de dinheiro foi colocada no sistema bancário e os mercados podem continuar operando. O primeiro grande teste será na segunda-feira quando a bolsa japonesa abrir.

Mas os temores que tomaram conta dos mercados na quinta e na sexta-feira não deverão desaparecer completamente até que os investidores readquiram a confiança de que nenhum banco ou fundo está próximo de um colapso, um problema que pode tornar uma crise temporária de confiança em um caos econômico, segundo analistas.

- Incerteza se transformou em pânico nos últimos dois dias e nós ficamos muito próximos de um crise de liquidez auto-promovida - disse Marco Annunziata, economista-chefe do Unicredit Markets.

Bancos europeus são credores de financeira em concordata nos EUA

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Os bancos alemães tomaram medidas para disponibilizar mais informações neste final de semana. Eles estão no centro de redemoinho na Europa, após uma operação do pequeno IKB dar sinais preocupantes para a comunidade financeira.

No domingo, também foi revelado que várias instituições européias como Deutsche Bank, Commerzbank e BNP Paribas são credoras da financeira americana HomeBanc Corp, que entrou com pedido de recuperação judicial contra falência.

O Japão vai ser o primeiro grande teste aos investidores quando os mercados abrirem na segunda-feira. Se as taxas de depósito do dólar americano, que bateram 6,5% ou mais na sexta-feira, subirem novamente, bancos centrais talvez tenham que recorrer a uma nova injeção de dinheiro nos mercados para acalmar os ânimos dos investidores.

Mesmo se tudo correr bem na segunda-feira, os analistas esperam um longo período de turbulência econômica.

- Nós provavelmente vamos permanecer muito voláteis pelo menos até meados de setembro - disse Ira Jersey, estrategista de crédito do Credit Suisse nos Estados Unidos. - Há muitas questões que precisam ser respondidas e nós não vamos obter respostas por pelo menos mais um mês - disse ele.

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Semana deve seguir notícias da crise

As notícias sobre o mercado de crédito externo deverão guiar as bolsas do mundo todo nesta semana, apesar dos indicadores esperados nos EUA. Os mais importantes são a inflação para o consumidor (o CPI, em inglês), o índice de confiança do setor imobiliário - ambos na quarta-feira - e o de casas novas (na quinta-feira).

- Mesmo com indicadores bons, quaisquer fundos quebrando ou bancos com dificuldades acabarão atropelando esses dados - avalia Ivo Chermont, economista da Modal Asset Management.

- Só com indicadores bons e sem notícias, a semana pode ser tranqüila - diz.

Para Christopher Garman, executivo do Eurasia Group, uma crise prolongada poderia reduzir o preço das commodities, afetando as exportações brasileiras:

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- A economia brasileira está preparada. Há pressão sobre o dólar, mas o câmbio flutuante e as altas reservas minimizam o problema. Além disso, há espaço para cortar juros. A queda na Bolsa pode ser passageira. Os investimentos estrangeiros no Brasil estavam em alta e pode haver refluxo para mercados mais conservadores. Mas trata-se de uma correção de mercado.