Análise
A little help from my friends
Franco Iacomini, colunista de finanças pessoais
Nos Estados Unidos, em 2008, os problemas com as hipotecas subprime já se arrastavam havia meses até que um banco quebrou e que banco! O Lehman Brothers era o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos e uma coluna do mercado de capitais, em escala planetária. Esse episódio ilustra a diferença entre uma crise qualquer e um desastre econômico. Crises são cíclicas e fazem parte da lógica do capitalismo. Desastres acontecem quando bancos quebram.
Mais do que algum dano direto para os investidores há uma série de medidas regulatórias que atenuam esse risco , a perda de uma grande instituição provoca um choque nos participantes do mercado. Instala-se uma desconfiança generalizada, uma sensação de que não há mais segurança. E há o risco de faltar recursos para o crédito: uma economia em dificuldades não pode ficar sem dinheiro disponível para empréstimos; se isso acontecer, uma infinidade de empresas de todos os tamanhos correrá o risco de não ter recursos para cumprir seus compromissos. Nesse caso, os efeitos da crise se ampliarão ainda mais.
É isso que a liga de bancos centrais superamigos pretende fazer com a ação conjunta anunciada ontem. Na prática, eles se comprometem a emprestar dólares uns aos outros sempre que houver risco de quebradeira. Vale lembrar que o socorro estatal a instituições financeiras arrasadas é uma das causas do endividamento monstruoso que os países enfrentam hoje. Há bancos grandes demais na zona do euro grandes demais para quebrar e, provavelmente, grandes demais (ou caros demais) para socorrer. Com uma ajudinha dos amigos talvez fique mais fácil.
Os bancos centrais do Canadá, do Reino Unido, do Japão, dos EUA e da Suíça, além do Banco Central Europeu, anunciaram ontem uma ação coordenada para evitar uma das piores consequências da crise financeira atual caso a situação deteriore: a contração de crédito. As instituições concordaram em reduzir o preço dos acordos temporários de swap de liquidez em dólar existentes em 0,5 ponto porcentual, o que permite aos bancos europeus tomar empréstimos emergenciais em dólar mais baratos.
O sistema bancário europeu está carregado de títulos emitidos pelos países do continente, agora sob riscos variados de insolvência financeira. Devido ao estado atual da crise, várias dessas nações podem perder sua solvência, o que ameaça as finanças dos bancos e, por consequência, a circulação de crédito tanto na Europa quanto no restante do planeta. A ação conjunta anunciada ontem, portanto, visa reforçar, em caráter preventivo, a circulação de recursos no sistema financeiro.
A partir de 5 de dezembro, os bancos centrais que fazem parte desse pool vão rebaixar os custos das operações feitas com os demais bancos centrais. Dessa forma, caso o sistema financeiro de uma região necessite de recursos adicionais para manter a liquidez, o banco central do continente ou do país terá onde buscar recursos para manter sua função de "emprestador de última instância" para o setor privado. Pelo comunicado oficial divulgado ontem pelo banco central britânico, essa redução pode valer até fevereiro de 2013.
EUA
O secretário de Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse ontem que o governo norte-americano apoia a ação coordenada dos principais bancos centrais do mundo. "Nós apoiamos as ações adotadas pelos bancos centrais para ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema financeiro europeu e fortalecer a recuperação econômica global", disse em comunicado. No entanto, apesar da boa notícia, a ação dos bancos centrais não aborda diretamente os problemas fiscais internos da Europa. Geithner tem dito repetidamente que os líderes europeus precisam fazer mais para resolver a crise da dívida.
Um deputado republicano afirmou que a Europa precisa implementar profundas reformas estruturais em sua economia se quiser continuar recebendo suporte do banco central norte-americano. Para Spencer Bachus, presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, a crise no continente é resultado de "problemas econômicos, culturais e soberanos e gastos desregrados dos governos".
O deputado mencionou especificamente as "aposentadorias exageradamente generosas" da Grécia e citou como exemplo medidas que os EUA adotaram para reestruturar empresas como a General Motors (GM). "Se os EUA vão continuar a dar suporte para a Europa, então os europeus precisam estar dispostos a fazer o mesmo tipo de escolhas dolorosas, para refletir a realidade econômica de hoje", avisou.
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