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Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau |
Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau| Foto:

Entrevista

Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau

É importante demais para não sair

Bruna Maestri Walter

A Gerdau ainda não definiu se irá participar do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), como autoprodutor. Para o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, esse passo poderia ser vantajoso, mas isso ainda está em estudo, disse ele à Gazeta do Povo, durante o 9º Fórum Empresarial em Comandatuba (BA).

A Gerdau irá participar de Belo Monte como autoprodutor?

Estamos em estudo. Não temos definição final sobre o tema. Agora que já houve o leilão vamos poder avaliar um pouco melhor.

Esse é o modelo que o senhor defende, de hidrelétrica em detrimento de termelétrica?

Acho que, com a quantidade de recursos hídricos que o Brasil tem, é bom economicamente e ambientalmente. Lógico que existem queixas, mas um território enorme como a Amazônia tem que ter condições de resolver esse conflito ambiental.

Por que a Gerdau não entrou em um dos consórcios?

Surgiram algumas indefinições e não deu tempo para ter uma visão definitiva.

Essas indefinições seriam com relação a quê?

A discussão é um pouco sobre preço mínimo. As empresas mais experientes previam que os custos iam ser maiores. Esse debate nos deixou em dúvida.

Como o senhor vê o fato de participantes do consórcio vencedor, o Norte Energia, não terem experiência na constru­ção de empreendimentos do porte de Belo Monte?

O pessoal vai encontrar o caminho. A obra é importante demais para não sair.

Essa obra é fundamental?

As obras hidrelétricas são fundamentais para o Brasil. Cada país tem algumas vantagens competitivas. O Brasil tem a energia como vantagem competitiva. Então tem que usar isso em benefício do desenvolvimento do país.

A jornalista viajou a convite da organização do evento.

O governo já articula a entrada das construtoras Odebrecht e Camargo Corrêa no consórcio que tocará as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Depois de garantir a realização do leilão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou os dirigentes da Chesf, estatal que lidera o consórcio vencedor, a negociarem a participação dos dois grupos na sociedade que fechará o contrato para construção e gerenciamento da usina.A Odebrecht e a Camargo Corrêa desistiram de participar do leilão, alegando falta de competitividade do empreendimento. O governo, então, deixou aberta a possibilidade de as duas empresas entrarem como subcontratadas, na condição apenas de construtoras. Agora, o Planalto espera que a Odebrecht e a Camargo Corrêa sejam mais do que prestadoras de serviço e façam parte da composição do consórcio, adquirindo lotes.

No início da tarde ontem, após almoço oferecido ao presidente do Líbano, Michel Suleiman, no Itamaraty, o presidente Lula deixou claro que espera a volta da Odebrecht e da Camargo Corrêa ao projeto de Belo Monte. "Podem ajudar. É só querer", disse. Assessores do Planalto ressaltam que agora, com o leilão realizado, o governo tentará antecipar a assinatura do contrato de outorga, que estava previsto para ser fechado apenas em setembro.

Lula também deixou claro que não acredita que a Queiroz Galvão, construtora que já participa do consórcio, sairá do grupo, como chegou a ameaçar. Ao mesmo tempo em que os auxiliares sinalizam novas garantias para os dirigentes da Queiroz Galvão, Lula tentou mostrar que não está preocupado com as ameaças. "Nós, enquanto Estado brasileiro, empresa pública, faremos sozinhos (a usina) se for necessário", disse. "No leilão, entra quem quer e sai quem quiser, depois (da licitação). Não tem nenhum cadeado na porta. Não tem problema."

Impacto ambiental

Lula rebateu críticas de que o empreendimento irá afetar a região da Amazônia e as comunidades ribeirinhas e disse que o atual projeto da obra prevê um reservatório 60% menor que o previsto originalmente e que serão investidos R$ 3 bilhões para evitar impactos ambientais. Ele disse que os críticos reclamam "até mesmo" do preço da tarifa de energia, considerado por ele como barato. "Eu achei fantástico (o preço)", disse.

O presidente reclamou do argumento da Justiça que chegou a suspender o leilão de que as audiências públicas foram meras "encenações". Entidades ambientalistas acusaram o governo de realizar as audiências com a presença apenas de pessoas favoráveis ao projeto.

Ele ainda reclamou dos que disseram que o governo tem interesse eleitoral com a obra. "Eu ouvi um cidadão dizer que isso foi político. Quem não fez política fez o apagão", disse. "As usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio são coisas que nossos adversários torcem para não dar certo." Lula ainda citou a importância do empreendimento para a economia. "Um país que quer ser a quinta economia do mundo e oferecer ao investidor energia, tem que pensar cinco anos para a frente. E é por isso que estamos fazendo essa (Belo Monte), Santo Antônio, Jirau, Estreito e o Complexo do Tapajós."

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