A hidrelétrica de Belo Monte vai trabalhar da maneira que a natureza mandar, submetendo-se ao regime de vazão do Rio Xingu (PA). Esse conceito, ambientalmente correto, evita que sejam encravados na Amazônia um monstrengo de concreto e um lago artificial. A usina, de produção sazonal, funcionará como uma espécie de hidrelétrica de equilíbrio da geração, distribuição e consumo de energia nas Regiões Norte, Sudeste e Nordeste.
O ritmo de Belo Monte vai ser ditado pela natureza do rio, que tem vazões que oscilam brutalmente ao longo do ano. Para evitar maiores danos ao meio ambiente, o reservatório será relativamente pequeno, com a usina funcionando a pleno vapor só na época das cheias, principalmente no primeiro semestre.
A produção na época das secas é menor em todas as hidrelétricas. Mesmo nas usinas que possuem vastos reservatórios, a geração nos meses em que chove menos é controlada, justamente para que os lagos não baixem demais, a ponto de ameaçar a recomposição de seus estoques no período chuvoso seguinte.
O que chama a atenção em Belo Monte, porém, é o tamanho da diferença de produção na cheia e na seca. Segundo a Eletrobrás, responsável pelos estudos da hidrelétrica, considerando o histórico de vazões do rio Xingu desde a década de 30 até 2003, a futura produção mensal média de Belo Monte deverá variar de 10.361 megawatts médios (MWmed) em abril, no pico das chuvas, para singelos 690 MWmed em setembro, no auge da seca. Isso significa que, entre o teto e o piso, a geração de Belo Monte vai variar 93%. Numa época do ano, a usina produz como se fosse uma Itaipu. No período seco, vira uma usina igual à de Estreito, hidrelétrica que fica na divisa do Maranhão com Tocantins.
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