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crescimento

Bem devagar, quase parando

Resultado é o pior desde o primeiro trimestre de 2009. Para o ministro Guido Mantega, entretanto, não há desaceleração

Colheitadeiras em lavoura de soja no Mato Grosso: agricultura encolheu 7,3%  em relação a dezembro e foi influência negativa | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Colheitadeiras em lavoura de soja no Mato Grosso: agricultura encolheu 7,3% em relação a dezembro e foi influência negativa (Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo)

O recuo na taxa de investimentos, a forte queda da produção agrícola e a modesta alta da indústria seguraram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a alta foi de apenas 0,2% em relação aos últimos três meses de 2011, levando em consideração o ajuste sazonal. Diante do mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 0,8%. Foi o pior resultado do índice desde o primeiro trimestre de 2009. Todos os bens e serviços produzidos no período somaram o montante de R$ 1,03 trilhão.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, relativizou o desempenho e afirmou que não há desaceleração. "No primeiro trimestre repetimos o crescimento do último trimestre do ano passado. Então, não houve aceleração nem desaceleração. O segundo trimestre terá crescimento maior que o primeiro", disse. As recentes medidas de cortes nos juros e incentivos fiscais não estão refletidas no índice.

No que diz respeito ao consumo, o investimento teve redução de 1,8% na comparação com o último trimestre de 2011 e 2,1% na comparação com o mesmo período de 2011. Com a queda, a taxa de investimento recuou para 18,7% do total do PIB no primeiro trimestre.

Os números confirmam o cenário de recessão que ronda a economia mundial. "Há um sentimento de incertezas, sobretudo por parte do empresariado quanto ao futuro do mercado, o que segura os investimentos", afirma o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Lourenço.

Quanto à produção, a agricultura foi apontada pelo ministro como a grande vilã. Embora com participação de cerca de 5% na produção total de bens e serviços do país, a quebra da safra no Centro-Sul levou a uma queda de 7,3% na atividade diante do fim do ano passado.

Dentre os segmentos que apresentaram crescimento, a indústria registrou alta de 1,7% em relação ao último trimestre de 2011, mas subiu somente 0,1% em comparação ao mesmo período de 2011.

Os serviços também seguraram a ligeira alta geral do PIB. Diante do aumento da renda e manutenção do baixo desemprego, a alta foi de 0,6% comparado com o último trimestre e de 1,6% diante do mesmo período do ano passado.

Recuperação

Mesmo diante do modesto crescimento, a expectativa é que os trimestres seguintes apresentem índices mais expressivos de alta. O Ministério da Fazenda estima que o crescimento do segundo semestre deste ano fique entre 4% e 4,5%, diante dos reflexos da variação do câmbio e dos baixos juros.

"Vamos chegar ao segundo semestre com essas medidas fazendo mais efeito e com o crédito mais abundante às empresas e ao consumo. No segundo semestre, devemos atingir o crescimento que queremos", acredita o ministro Guido Mantega.

No Paraná, outros setores compensam as perdas

Mesmo com a quebra da safra de soja, que prejudicou grande parte dos estados produtores, em especial o Paraná e o Rio Grande do Sul, a expectativa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) é que o bom desempenho da indústria e comercio compensem as perdas da agropecuária. A estimativa preliminar do instituto é que o estado feche o ano com crescimento de 3,5% em relação a 2011.

A produção industrial do estado, de acordo com o Ipardes, cresceu 7,4% no trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, registrando o terceiro melhor desempenho entre todos os estados, atrás somente de Goiás e Bahia. A venda real do comércio varejista paranaense apresentou alta de 10,9% no mesmo período. "O Paraná não é uma ilha no meio do país, mas temos algumas ferramentas que nos dão otimismo", avalia Gilmar Lourenço, presidente do Ipardes.

Mesmo os resultados do agronegócio, prejudicados com a quebra de safra, devem ser abrandados ao longo do ano, na avaliação de Lourenço. Ele explica que a independência da agroindústria local, que pode processar a produção de outros estados, a valorização do dólar e os altos preços das commodities compensam a baixa produção deste ano.

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