Os governos de Bélgica, Holanda e Luxemburgo resgataram o grupo financeiro belga-holandês Fortis neste domingo, após o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, convocar reuniões emergenciais com ministros holandeses e belgas para salvar um dos 20 principais bancos da Europa.
O resgate do governo vem após a confiança do investidor no banco ser abalada no primeiro sinal de contágio da crise financeira dos Estados Unidos na zona do euro e após a falta de sucesso na negociação com compradores privados.
O comprador privado mais provável, o francês BNP Paribas, saiu das negociações após oferecer apenas 1,60 euro por ação, bem abaixo dos 5,20 euros do fechamento de sexta-feira, e pedir garantia estatal em caso de perdas futuras, segundo fontes.
No início da noite de domingo, o primeiro-ministro da Bélgica, Yves Leterme, disse que os governos de seu país, de Luxemburgo e da Holanda investirão 11,2 bilhões de euros (16,4 bilhões de dólares) no banco, que venderá partes do ABN Amro que comprou no ano passado.
O tamanho do Fortis - com 85 mil funcionários em todo mundo - o torna importante demais para que permitam que ele vá à falência.
Os precursores do Fortis já negociaram com Catarina, a Grande, e financiaram a compra norte-americana da Louisiana das mãos de Napoleão.
Compra do ABN é culpada
Os problemas do Fortis - cujas ações despencaram em um terço na última semana - começaram após a compra do ABN em um consórcio com o Royal Bank of Scotland e o Santander no ano passado, em um acordo de 70 bilhões de euros (102 bilhões de dólares), bem quando a crise de crédito começou, golpeando o valor dos ativos bancários.
A capitalização de mercado do grupo caiu de 50 bilhões de euros após a compra do ABN para apenas 12 bilhões de euros na sexta-feira.
Problemas na Europa
Na Alemanha, o banco Hypo Real Estate está tendo conversações urgentes com o regulador bancário alemão Bafin e o Ministério das Finanças para solucionar os problemas de refinanciamento do banco em meio à crise de crédito, disseram no domingo fontes próximas à situação.
O banco, que empresta dinheiro para projetos imobiliários e para governos, está estudando medidas como vendas de ativos, disse uma fonte. As conversações começaram no final de semana, após uma forte queda do preço das ações do Hypo.
Na Grã-Bretanha, o governo negocia um plano de resgate concessora de hipotecas Bradford & Bingley e a BBC disse no domingo que os ativos de poupança dela serão transferidos para o gigante bancário espanhol Santander.
O governo britânico irá anunciar na segunda-feira o plano de nacionalização da Bradford & Bingley e tomará o controle de 41 bilhões de libras (75 bilhões de dólares) dos negócios de hipotecas residenciais, disse uma fonte próxima às negociações.
Um porta-voz do Santander não pôde confirmar a notícia da BBC.