Minneapolis e Nova York - O dólar continuará forte e deve seguir como a principal moeda de referência para o mundo por algum tempo, afirmou o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke. Ele argumentou que o banco central norte-americano, ao perseguir seu duplo mandato de vigiar a inflação e manter o desemprego baixo, está contribuindo para que o dólar continue valorizado. "No fim das contas, a política de máximo emprego e estabilidade de preços é consistente com a política do dólar forte", acrescentou.
Tanto Bernanke quanto o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, afirmam que desejam ver o dólar forte, mas as medidas de afrouxamento monetário adotadas pelo Fed contribuíram para enfraquecer a moeda norte-americana. Muitos investidores temem que a política de crédito fácil do banco central do país, que na prática injeta dólares na economia, empurre o dólar para baixo e gere pressões inflacionárias.
Bernanke não enxerga a situação dessa forma. Desde a década de 1980, o Fed conseguiu manter a inflação menor do que em outros países, preservando o poder de compra do dólar, de acordo com o presidente do banco central. Ao manter o crédito fácil em um momento de recuperação econômica frágil nos EUA, o Fed está promovendo crescimento, o que ajuda a fortalecer a moeda, acrescentou.
O discurso não animou os mercados americanos, que fecharam em baixa, também por causa do aumento levemente maior que o esperado no número de pessoas que entraram com pedido de auxílio-desemprego na semana passada. "O mercado sempre espera mais do que vai receber", disse Ryan Larson, diretor de negociações com ações dos EUA no RBC Global Asset Management. Isso está relacionado ao fato de Bernanke não ter divulgado o que e como o Fed vai fazer para ajudar a economia, acrescentou. "O discurso de Bernanke não teve surpresas, mas não dispersou as expectativas de mais ações de afrouxamento na reunião de setembro" do banco central, afirmou Jan Hatzius, economista-chefe para os EUA no Goldman Sachs.
Os investidores haviam adotado uma postura de cautela antes mesmo do discurso de Bernanke porque, na manhã de ontem, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que o número de pessoas que entraram com pedido de auxílio-desemprego na semana encerrada em 3 de setembro teve um aumento de 2 mil ou o dobro do previsto em comparação ao total registrado na semana anterior.